Cortes da OPEP+ na produção petroleira podem intensificar inflação global, alerta IEA

OPEP+ preços petróleo
Hussein Faleh | Afp

Os inesperados cortes de produção de petróleo anunciados recentemente pela OPEP+ deverão aumentar os preços da commodity e impactar ainda mais a inflação global, causando mais problemas aos consumidores, que já estão pressionados pela alta de preços, e comprometendo o crescimento econômico mundial. É o que indica o relatório mensal sobre o mercado de petróleo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), divulgado na semana passada.

De acordo com a IEA, os mercados globais de petróleo já estavam a caminho de um déficit de oferta mesmo antes do novo corte de produção anunciado pelo cartel de produtores liderado pela Arábia Saudita. A redução extra vai provocar grandes retiradas de estoque, de cerca de 2 milhões de barris por dia, em média, no segundo semestre, relata a Bloomberg.

Por outro lado, há perspectivas de alta para a demanda global de petróleo. Segundo o novo documento da IEA, ela aumentará ​​2 milhões de barris por dia este ano, devido à recuperação da China após a pandemia de COVID-19, atingindo um recorde de 101,9 milhões de barris por dia em média.

Além do corte extra do cartel original, a Rússia, membro “+” da sigla, anunciou cortes de oferta, em retaliação às sanções que vem sofrendo de União Europeia e Estados Unidos contra a invasão da Ucrânia. Contudo, a agência prevê que a produção russa caia muito menos do que o inicialmente previsto.

Há alguns meses, a IEA previa que a oferta da Rússia cairia 1,6 milhão de barris por dia neste trimestre. Agora, antevê uma queda de 530.000 por dia este ano. Em março, as exportações de petróleo russas atingiram o nível mais alto em três anos, informou a agência.

Wall Street Journal, Reuters, CNBC e Oilprice também deram destaque ao novo relatório da IEA.

Em tempo: Enquanto reduzem suas produções internas de petróleo para aumentar os preços da commodity, a Arábia Saudita e a Rússia querem que o Banco Mundial amplie seu apoio financeiro à tecnologia de captura,  armazenamento e utilização de carbono (CCUS, na sigla em inglês) – defendida por produtores de combustíveis fósseis como solução para poderem ampliar seus volumes. Em reunião do comitê diretivo da instituição, o ministro das Finanças saudita, Mohammed Al-Jadaan, instou o Banco Mundial a “assumir um papel proeminente na promoção do CCUS”, enquanto o vice-primeiro-ministro russo, Alexey Overchuk, disse que a tecnologia era “de extrema importância para a agenda verde”. A informação é do Climate Home News, que também lembra que o CCUS, além de muito caro, continua com sua eficácia ainda não comprovada em escala.

ClimaInfo, 17 de abril de 2023.

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