“Decepção” é a palavra para o encontro de ministros de Energia e do Clima do G7 em Sapporo, no Japão, encerrado no domingo (16/4). Os líderes chegaram a um acordo para acelerar a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis de suas matrizes energéticas, mas não estabeleceram um prazo para a saída do carvão. Além disso, deixaram a porteira aberta para novos investimentos em gás natural, pontua a Bloomberg.
No comunicado oficial dos ministros do G7, de 36 páginas, o Japão ganhou endosso de outros países para sua própria estratégia nacional. Esta enfatiza o chamado “carvão limpo”, hidrogênio e energia nuclear para ajudar a garantir a segurança energética do país, de acordo com a AP e a Reuters.
No sábado (15/4), a ministra da Transição Energética da França, Agnes Pannier-Runacher, disse que os ministros haviam concordado em pedir a redução do consumo de gás natural e aumentar a produção de energia elétrica à base de fontes renováveis. Também se comprometeram a não construir novas usinas a carvão, segundo a Reuters. Entretanto, no documento final, parte disso se perdeu.
Segundo ativistas climáticos ouvidos pela Bloomberg, a nova declaração parece enfraquecer pelo menos um compromisso anterior. Na reunião do ano passado, o G7 prometeu interromper “o novo apoio público direto ao setor internacional inabalável de energia de combustíveis fósseis até o final de 2022, exceto em circunstâncias limitadas, claramente definidas por cada país, que sejam consistentes com um aquecimento de 1,5°C limite.”
Ainda assim, no documento final os ministros se comprometeram a trabalhar para limpar a geração elétrica e reduzir as emissões dos veículos até 2035: “Reconhecendo a atual crise global de energia e as interrupções econômicas, reafirmamos nosso compromisso de acelerar a transição de energia limpa para emissões líquidas zero de gases de efeito estufa (GEE) até 2050, o mais tardar”.
O grupo ainda disse que planeja aumentar a capacidade solar para mais de 1.000 gigawatts e a geração eólica offshore para 150 gigawatts até o final desta década. Se efetivados, os números vão triplicar a energia solar e aumentar a capacidade eólica offshore em sete vezes nos países do G7.
O acordo do G7 foi noticiado também por CNBC e Japan Times.
Em tempo 1: Após autorizar Willow, de exploração de petróleo, o governo de Joe Biden arma outra “bomba de carbono” no Alasca. A administração Biden aprovou o projeto da Alaska Gasline Development Corp (AGDC), para exportar gás natural liquefeito (GNL) para países com os quais os Estados Unidos não possuem acordo de livre comércio, principalmente na Ásia. Com custo de US$ 39 bilhões, o Alaska LNG inclui uma planta de liquefação na península de Kenai, no sul do estado, e um gasoduto de 1.300 km ligando o terminal aos campos de gás do norte do Alasca, detalha o Guardian.
Em tempo 2: Japão e Estados Unidos assinaram um memorando para cooperação no desenvolvimento de energia geotérmica, recurso abundante no país oriental. O acordo, assinado pela secretária estadunidense de Energia, Jennifer Granholm, e o ministro da economia, comércio e indústria do Japão, Yasutoshi Nishimura, diz que a energia geotérmica é reconhecida como uma “tecnologia de energia renovável” e envolve colaboração em pesquisa e desenvolvimento e troca de informações e na prossecução de projetos geotérmicos nos EUA, Japão e outros países, informa a AP.
ClimaInfo, 17 de abril de 2023.
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