A disputa pela exploração de petróleo e gás fóssil na Foz do Amazonas

11 de maio de 2023
Petrobras foz do Amazonas estudos
Apolo11.com

Segue a queda-de-braço entre Petrobras e IBAMA em torno da licença ambiental para a exploração de poços de petróleo na foz do rio Amazonas. Enquanto a direção da petroleira vem intensificando a pressão nos bastidores do governo federal, as preocupações de indígenas e ribeirinhos que podem ser afetados pelo empreendimento continuam ignoradas.

No Brasil de Fato, Murilo Pajolla descreveu a apreensão de lideranças tradicionais, ativistas e especialistas com os impactos da exploração petroleira na região, uma área extremamente sensível do ponto de vista socioambiental. A falta de estudos mais amplos por parte da Petrobras sobre os riscos potenciais da obra, cobrados pelo IBAMA para viabilizar a licença, aumentam o grau de preocupação.

Além dos impactos diretos, como o risco de vazamentos de óleo, o empreendimento também pode ter reflexos indiretos no desmatamento de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, já que a economia da energia fóssil deve atrair a atenção de grileiros e outros forasteiros.

“A gente sabe que a Petrobras não vai contratar a maioria dessas pessoas [locais], porque há uma demanda por mão de obra qualificada. Onde elas vão parar? Não são todas, mas muitas vão entrar ilegalmente na Terra Indígena. A gente fica preocupado de que possa acontecer algo semelhante à [invasão de garimpeiros] na Terra Yanomami”, disse Kassia Galibi, presidente da Associação Nana Kali’nã, do Povo Galibi-Kali’nã.

Os interesses da Petrobras na foz do Amazonas são sentidos também em Brasília. O Estadão destacou a posição da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e de seu colega de Esplanada na pasta de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Enquanto Marina vem respondendo às pressões da Petrobras sobre o IBAMA de forma a resguardá-lo, Silveira faz coro ao presidente da empresa, Jean Paul Prates, na defesa do empreendimento e de um processo de licenciamento célere.“Há um discurso infelizmente contraditório por parte do governo, que é o que a gente chama de paradoxo verde”, observou o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Schaeffer, à RFI. “Em certo sentido, começa a haver um movimento de acelerar o máximo possível a produção de petróleo hoje para não se ficar com o mico na mão, afinal há uma sociedade de consumo que demanda bens e serviços que ainda não conseguiu se livrar do petróleo. E isso é uma enorme contradição: para lidar com a mudança climática, você eventualmente vai aumentar as emissões hoje para não ser o último a ficar com petróleo no chão, não explorado”.

ClimaInfo, 12 de maio de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar