A crise climática aumentou em 30 vezes a probabilidade de ocorrer uma onda de calor como aquela sem precedentes que atingiu o sul da Ásia no mês passado. A constatação é de um estudo do grupo World Weather Attribution, que reúne cientistas de vários países e instituições de ensino e pesquisa.
A equipe de pesquisadores estudou os níveis de calor e umidade em partes da Índia e Bangladesh, bem como na Tailândia e no Laos. E concluiu que as temperaturas foram pelo menos 2°C mais altas como resultado das mudanças climáticas, informa a Reuters. Em média, as temperaturas globais subiram 1,2°C desde 1900.
Temperaturas excepcionalmente altas, de até 45°C, foram registradas no mês passado em estações de monitoramento localizadas em partes da Índia, Bangladesh, Tailândia e Laos, lembra o Guardian. O calor causou mortes e hospitalizações generalizadas, danificou estradas, provocou incêndios e levou ao fechamento de escolas na região, aponta o estudo.
“Vemos repetidamente que a mudança climática aumenta drasticamente a frequência e a intensidade das ondas de calor, um dos eventos climáticos mais mortais que existem”, disse Friedrike Otto, cientista climático sênior do Imperial College London e um dos autores do estudo.
Ondas de calor úmido que costumavam ocorrer uma vez por século em Bangladesh e na Índia agora devem ocorrer a cada cinco anos, alertam os cientistas. E como destaca a Bloomberg, tais eventos extremos se tornarão mais frequentes e graves – e não apenas na Ásia, mas em todo o mundo – até que as emissões gerais de gases de efeito estufa sejam interrompidas.
Como de costume, a corda vai arrebentar sempre do lado mais fraco – as populações mais pobres. “As pessoas marginalizadas são as mais afetadas. Muitas delas ainda estão se recuperando da pandemia e de ondas de calor e ciclones do passado, o que as deixa presas em um ciclo vicioso”, disse Emmanuel Raju, diretor do Copenhagen Center for Disaster Research da Universidade de Copenhagen e outro autor da pesquisa.
A AP explica que o World Weather Attribution usa modelos estabelecidos para determinar rapidamente se a mudança climática desempenhou um papel em eventos climáticos extremos. Embora os próprios estudos ainda não tenham sido revisados por pares, o padrão-ouro para a ciência, são frequentemente publicados posteriormente em periódicos revisados por pares.
ClimaInfo, 18 de maio de 2023.
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