A realização da assembleia geral de acionistas da petroleira TotalEnergies em Paris foi palco de enfrentamento das forças policiais contra ativistas climáticos na última 6ª feira (26/5). A polícia parisiense lançou bombas de gás lacrimogêneo e empurrou os manifestantes para permitir a entrada dos investidores e a realização do evento.
Os ativistas se sentaram nas ruas vizinhas a uma famosa sala de concertos em Paris, onde ocorria a assembleia, com cartazes pedindo aos acionistas para rejeitarem a estratégia climática da Total, entendida como pouco ambiciosa e inadequada para conter a mudança do clima. Os manifestantes também gritavam palavras de ordem, destacando principalmente os lucros absurdos que a Total e outras petroleiras registraram em 2022 em virtude da alta dos preços do petróleo após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Reagindo aos ataques policiais, os ativistas pediram às autoridades que elas fossem “gentis”, já que “estamos fazendo [o protesto] por vocês e por seus filhos”. No entanto, isso não foi suficiente para sensibilizar os policiais, que seguiram o enfrentamento para afastar os manifestantes do espaço onde ocorria a assembleia.
Mesmo com o drama do lado de fora, os acionistas da Total votaram majoritariamente a favor da estratégia climática da empresa, com mais de 88% dos votos. Apesar disso, quase 1/3 dos acionistas apoiou uma moção de investidores minoritários para que a petroleira reduzisse suas emissões de gases de efeito estufa para ajudar a cumprir a meta do Acordo de Paris. A resolução, apresentada pelo grupo climático Follow This e 17 investidores institucionais com um total de 1,1 trilhão de euros sob gestão, obteve 30,44% dos votos, contra 17% de votos em 2020, a última vez que uma resolução semelhante foi apresentada.
“Enquanto os investidores permitirem que as grandes petroleiras causem o colapso climático com seus votos contra resoluções que solicitam o alinhamento ao Acordo de Paris, essas empresas manterão seu modelo de negócio fóssil pelo maior tempo possível”, afirmou Tarek Bouhouch, líder da Follow This na França. “É do interesse da empresa e de seus acionistas buscar as oportunidades que a transição energética apresenta”.
O protesto contra a Total faz parte de um esforço de organizações ativistas para pressionar as grandes petroleiras por mais ambição na transição energética. Na última 3ª feira (23/5), a assembleia de acionistas da Shell em Londres também foi alvo de manifestações, com direito a gritos de “Go to hell, Shell” (Vá para o inferno, Shell).
ABC News, Associated Press, CNBC, Deutsche Welle, Euronews, Financial Times, Le Monde, Reuters e RFI deram mais informações sobre o protesto contra a Total e a votação da resolução climática apresentada por investidores-ativistas na empresa.
ClimaInfo, 29 de maio de 2023.
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