Mudanças climáticas são responsáveis por ondas de calor extremo no Hemisfério Norte, mostra estudo

ondas de calor Hemisfério Norte
RedCross.org.uk / Greek Red Cross

Não é de hoje que cientistas de todo o mundo alertam para os efeitos das ações humanas sobre o clima do planeta, sobretudo por causa do consumo de combustíveis fósseis e do desmatamento das florestas tropicais. E agora, diante de sucessivas quebras de recordes de temperatura e da onda de calor infernal que toma conta do Hemisfério Norte neste mês, um estudo mostra que o que está acontecendo seria “virtualmente impossível” sem as mudanças climáticas.

O consórcio científico World Weather Attribution (WWA) revelou que o pico de calor em julho – com termômetros acima de 45°C no México e no oeste dos EUA, sul da Europa e nas terras baixas da China – tornou-se mais provável e mais severo pela crise no clima induzida pela humanidade. Segundo a pesquisa, as ondas de calor teriam sido quase impossíveis na Europa e na América do Norte sem a mudança climática, e as altas temperaturas na China se tornaram 50 vezes mais prováveis por causa dela, aponta a Bloomberg.

Os pesquisadores encontraram que as emissões de gases de efeito estufa tornaram as ondas de calor 2,5°C mais quentes na Europa, 2°C mais quentes na América do Norte e 1°C mais quentes na China do que se a humanidade não tivesse mudado a atmosfera global.

O estudo divulgado na 3ª feira (25/7) confirma que as temperaturas extremas deste mês não são mais uma exceção, agora que aquecemos a Terra cerca de 1,2°C acima dos níveis pré-industriais, destaca o POLITICO. E que a tendência é que os termômetros continuem subindo mais e mais daqui por diante. Culpa do consumo dos combustíveis fósseis.

“Pode ser que este seja visto como um verão frio no futuro, a menos que paremos rapidamente de queimar combustíveis fósseis. Este não é o ‘novo normal’. Enquanto continuarmos queimando combustíveis fósseis, veremos cada vez mais desses extremos”, explica Friederike Otto, cientista climático do Imperial College London, um dos autores do estudo.

Os resultados do estudo deixam claro que a necessidade de reduzir as emissões é cada vez mais urgente. As ondas de calor brutais não são mais raras e vão piorar. Se o mundo esquentar 2°C, acontecerão a cada dois a cinco anos, explica o Guardian.

“O mais importante é que esses extremos matam pessoas, e principalmente destroem as vidas e meios de subsistência dos mais vulneráveis”, reforça Otto.

A relação direta entre as mudanças climáticas e o calor extremo foi amplamente noticiada por diversos veículos, como Reuters, Euronews, DW, CNN, npr, Financial Times, New York Times, Washington Post, Guardian, BBC, AP, NBC, CNBC e CBS.

Em tempo 1: O calor infernal que partes do oeste dos Estados Unidos, Texas e Flórida vêm sentindo há semanas ruma para o leste do país, informa a BBC, começando pelos estados e planícies do centro-norte, alerta o Serviço Nacional de Meteorologia estadunidense. Segundo o Axios, quase 78 milhões de pessoas estavam sob alerta de calor. A previsão para 3ª feira (25/7) era de termômetros a 43°C ou mais em Palm Springs (Califórnia), Phoenix (Arizona) e Las Vegas (Nevada). Temperaturas próximas dos 38°C eram esperadas do Texas a Nebraska, e também em Kansas City, no Missouri, detalha a ABC.

Em tempo 2: A Bloomberg analisa os prejuízos financeiros que as ondas de calor extremo podem provocar no setor de turismo da Europa, que movimentou quase US$ 2 trilhões no ano passado. “A mudança climática deve tornar irreconhecível o clima favorável aos turistas em alguns lugares. Um estudo de 2019 previu que o clima de Madri em 2050 se assemelhará ao de Marrakesh, no norte da África; Londres será mais como Barcelona, e Estocolmo como Budapeste. Isso seria uma mudança tectônica para a indústria europeia de viagens e turismo da Europa, que teria de remapear os padrões de viagem de uma forma que provavelmente será um golpe para alguns países do sul da Europa”, destaca a publicação.

ClimaInfo, 26 de julho de 2023.

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