Reino Unido dá sinal verde para centenas de novos projetos de petróleo e gás no Mar do Norte

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, deu um “cavalo-de-pau” na política climática de seu governo e confirmou nesta 2ª feira (31/7) que pretende aprovar centenas de novas licenças de perfuração para exploração de petróleo e gás no Mar do Norte. A decisão contraria os compromissos climáticos assumidos por Londres nos últimos anos e pode atingir em cheio a posição britânica na diplomacia climática internacional.

Em visita à Escócia, Sunak confirmou que pretende liberar mais de 100 licenças novas de exploração de combustíveis fósseis no Mar do Norte e disse que o governo pode realizar novas licitações para perfuração e retirada de óleo e gás nos próximos anos. A justificativa do premiê é de que o Reino Unido precisa garantir sua “independência energética” e reduzir o preço dos combustíveis no mercado doméstico.

Anfitrião da COP26 de Glasgow em 2021, o governo britânico vem ensaiando há algum tempo um movimento de enfraquecimento de seus compromissos climáticos. Auxiliares de Sunak têm sugerido ao premiê mudanças na política climática, especialmente na meta de descarbonização (net-zero) e a proibição da venda de novos carros a combustão a partir de 2035. Mais recentemente, um memorando interno de Downing Street, sede do governo em Londres, sugeriu que o Reino Unido poderia reduzir o volume prometido para o financiamento da ação climática internacional.

Na equação energética de Sunak, o fator eleitoral também tem peso significativo para essa decisão. Uma fatia do eleitorado conservador é contrária às políticas climáticas adotadas pelo partido nos últimos anos, sob o velho argumento de que elas são “custosas”. A ideia do premiê é se reaproximar desse eleitorado, ao menos para diminuir o prejuízo potencial que seu partido pode enfrentar nas próximas eleições, que devem acontecer em 2024. As pesquisas indicam favoritismo da oposição trabalhista para liderar o próximo governo, depois de 13 anos de liderança conservadora.

A proposta de Sunak causou preocupação em ativistas climáticos e especialistas, que indicam que a produção de mais combustível fóssil no Mar do Norte pode inviabilizar as metas climáticas do Reino Unido sob o Acordo de Paris. Mesmo setores do Partido Conservador também demonstram desconforto com a decisão.

Para Chris Skidmore, parlamentar e ex-ministro da ciência do governo Boris Johnson, a medida é “uma decisão errada, precisamente na hora errada”, quando o resto do mundo está enfrentando ondas de calor recorde. “[A decisão] está do lado errado de uma economia futura que será fundada nas indústrias renováveis e limpas, e não em combustíveis fósseis”, disse Skidmore, citado pelo Guardian.A decisão do governo britânico sobre a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte foi amplamente abordada na imprensa internacional, com destaques na BBC, Bloomberg, CNBC, CNN, Financial Times, Guardian, POLITICO e Reuters, entre outros veículos.

ClimaInfo, 1º de agosto de 2023.

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