Os líderes dos países amazônicos devem parar de imediato a concessão de licenças de exploração e interromper progressivamente a produção na região.
A recomendação é de cientistas e organizações ambientalistas, e será apresentada aos líderes durante a Cúpula da Amazônia, na próxima semana. O grupo reivindica que os países pan-amazônicos não concedam mais licenças para a exploração de petróleo e gás fóssil na Amazônia e rescindam “progressivamente” os projetos existentes, ao mesmo tempo em que promovam uma transição “justa” para as energias renováveis, relatam EFE e Infobae.
“Compreendendo o papel vital da Amazônia e como ela é colocada em risco pela indústria de petróleo e gás, essa posição dos líderes da região deve passar pela moratória da exploração de petróleo”, afirmou o engenheiro Andrés Gómez, da ONG colombiana Censat Água Viva, em coletiva de imprensa.
Segundo dados divulgados por Gómez, 73% das reservas de petróleo e 67% das reservas de gás da América do Sul e Central devem ser deixadas no subsolo para que o aumento da temperatura se limite a 1,5oC, como prevê o Acordo de Paris.
Paola Arias, professora da Universidade de Antioquia, na Colômbia, mencionou que a América Latina e o Caribe são responsáveis por 11% das emissões de gases de efeito estufa acumuladas desde 1850, segundo o Diario de La Republica. Embora destaque o peso do desmatamento da Floresta Amazônica nas emissões da região, a especialista também reforçou a necessidade de interromper a exploração de combustíveis fósseis no território amazônico.
No momento em que a emergência climática produz eventos extremos, a interrupção da produção de combustíveis fósseis deveria ser uma prioridade dos governos que participarão da Cúpula da Amazônia, ressalta Claudia Antunes no Sumaúma. Mas Gustavo Petro, presidente da Colômbia, foi o único até agora a encampar o fim do petróleo e do gás fóssil no território amazônico.
E tudo indica que o Brasil pretende mesmo aumentar a exploração na região, reforça Giovana Girardi, da Agência Pública. “Lula disse que, se houver a exploração [na foz do Amazonas], vai ser feita com ‘todo o cuidado’. Ele se referia a possíveis danos ambientais e sociais da operação. Mas não falou nada sobre as emissões de gases de efeito estufa que virão ao colocar mais petróleo para ser queimado no mundo”, pontua.
Em tempo: Cientistas da Rede Interamericana de Academias de Ciências, reunidos em Manaus (AM), pedem mais ambição dos países pan-amazônicos no combate às mudanças climáticas. Eles levarão o pleito à Cúpula da Amazônia, na semana que vem, relatam Galileu e O Globo. “Diagnóstico, a gente já tem bastante. Agora está na hora, de fato, de unir esforços para trazer o que a gente acredita que é necessário para a Amazônia, que é a sustentabilidade com equidade social, porque não adianta falar em sustentabilidade sem trazer o bem-estar para a população local”, disse Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e copresidente da rede.
ClimaInfo, 4 de agosto de 2023.
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