Ramificações da BR-319 já são quase seis vezes maiores que a própria rodovia

BR-319
Observatório BR-319

A rede de ramais da BR-319 é superior a 5 mil km de extensão, quase seis vezes maior que a rodovia, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

Um levantamento do Observatório da BR-319 revelou o crescimento explosivo de ramais ao longo da rodovia. De acordo com o estudo, a rede de ramais é de 5.092 km nos municípios de Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá, no sul do Amazonas; entre 2016 e 2022, houve um acréscimo de mais de 2,06 mil km de ramais, aumento de 68%.

O crescimento dos ramais se reflete também no aumento do desmatamento na região no mesmo período. Em 2020, a perda de cobertura vegetal no entorno da BR-319 foi de cerca de 21,6 mil hectares. Um ano depois, o desmatamento mais do que dobrou na região, com a derrubada de 48 mil hectares de floresta.

“É um intervalo muito curto de tempo para uma quantidade enorme de floresta que tem desaparecido. E uma expansão absurda de ramais”, disse Thiago Marinho, um dos autores do levantamento, à Agência Brasil. “Não é só o grande volume de ramais, mas o intervalo muito curto de tempo em que surgiram. Isso mostra que existe um processo orquestrado de destruição florestal, que, de certa forma, não está sendo freado”.

O ímpeto para a destruição recente foi o projeto de asfaltamento do chamado “trecho do meio” da BR-319, uma das prioridades de infraestrutura do antigo governo Bolsonaro. Ambientalistas e especialistas apontam que a obra pode facilitar a grilagem de terras, intensificando o desmatamento no sul do Amazonas. A obra não foi incluída na nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado na semana passada, mas o governo federal não descartou a possibilidade de retomá-la.

 

ClimaInfo, 15 de agosto de 2023.

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