Créditos de carbono na Amazônia e em outras florestas tropicais do planeta são ineficazes, mostra estudo

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gspp.berkeley.edu

Análise de créditos de carbono em florestas tropicais certificados pela Verra conclui que impactos ambientais alardeados são exagerados e resultados, questionáveis sob o aspecto climático.

Projetos de preservação de florestas tropicais não servem para compensar emissões de carbono e uma abordagem diferente deve ser aplicada para, de fato, proteger ecossistemas críticos para o planeta, como a Amazônia e a Bacia do Congo. Alguns desses projetos, inclusive, sequer oferecem garantias de segurança a comunidades locais vulneráveis.

É o que aponta uma pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley financiada pela ONG Carbon Market Watch. O estudo, divulgado pelo Guardian e repercutido por DW e Folha, baseou-se na análise de créditos de carbono em florestas tropicais certificados pela Verra, que já estava sob suspeita. A análise conclui que os impactos ambientais são bastante elevados e “questionáveis” do ponto de vista do climático. Ou seja, greenwashing puro.

Os investigadores avaliaram cinco critérios de qualidade do sistema de créditos de carbono das florestas tropicais usado pela Verra – os projetos REDD+. Foram analisados durabilidade, contabilização do carbono florestal, salvaguardas comunitárias, fugas de desflorestação e linhas de base. E houve deficiências generalizadas em todas as áreas.

A maioria dos créditos, aponta o estudo, não gerava impacto positivo no clima. Além disso, os projetos subestimavam o risco de deslocamento do desmatamento para outros lugares, e os auditores não conseguiam fazer cumprir as regras da própria Verra sobre a geração de créditos. O relatório mostra ainda que alguns projetos REDD+ resultaram no deslocamento ou na desapropriação de comunidades vulneráveis, apesar das salvaguardas destinadas a prevenir danos.

A descoberta pode ter sérias implicações para empresas que basearam as suas declarações climáticas nas compensações investigadas no estudo, ressalta a Bloomberg. A lista inclui as petroleiras Shell e Eni e a aérea Delta Air Lines.

 

ClimaInfo, 19 de setembro de 2023.

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