“Bomba de carbono”: Reino Unido libera exploração petrolífera de grande reserva no Mar do Norte

Reino Unido petróleo Mar do Norte
Peter Macdiarmid / LNP / via Daily Mail

Depois de enfraquecer metas para carros elétricos, o Reino Unido deu sinal verde para megaprojeto de extração de petróleo e gás no Mar do Norte.

Menos de uma semana após flexibilizar as metas para adoção de veículos elétricos e proibição à venda de novos carros a combustão, o governo do Reino Unido tomou mais uma decisão que enfraquece suas credenciais climáticas. O órgão regulador do setor de óleo e gás aprovou um projeto da Equinor e da Ithaca Energy para explorar o campo de Rosebank, a maior reserva inexplorada de combustíveis fósseis no Mar do Norte britânico.

O campo de Rosebank tem potencial para produzir 500 milhões de barris de petróleo, o que o transforma em uma verdadeira “bomba de carbono” para o clima. Ativistas climáticos e ambientalistas vinham pressionando as autoridades britânicas para vetar o empreendimento, mas a movimentação recente do primeiro-ministro Rishi Sunak para enfraquecer os compromissos climáticos do Reino Unido acabou servindo como o pretexto para a decisão em favor da indústria petroleira.

“Sunak provou de uma vez por todas que coloca os lucros das empresas petrolíferas acima das pessoas comuns”, reclamou Philip Evans, do Greenpeace britânico, ao Guardian. “Sabemos que depender de combustíveis fósseis é terrível para nossa segurança energética, para o custo de vida e para o clima”.

Por falar em segurança energética, o governo britânico justificou a decisão citando exatamente que o projeto permitiria resguardar a economia nacional da instabilidade dos preços internacionais do petróleo. No entanto, como assinalou a Bloomberg, esse raciocínio desconsidera o fato de que o Reino Unido tem uma capacidade limitada de refino do combustível. Na prática, o petróleo explorado precisaria ser vendido para o exterior para o refino antes de ser importado de volta como gasolina ou diesel.

“Não se espera que nenhum petróleo seja produzido em Rosebank até 2027 e, onde quer que o petróleo vá, os especialistas dizem que será vendido no mercado internacional ao ritmo atual, o que significa que terá pouco ou nenhum impacto na crise do custo de vida ou na segurança energética”, escreveu Matheus Taylor no Guardian.

A decisão do Reino Unido em favor da exploração do campo de Rosebank teve grande repercussão na imprensa internacional, com destaques na CNBC, CNN, Financial Times, NY Times, Sky News e Reuters, entre outros.

 

ClimaInfo, 28 de setembro de 2023.

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