Quem é Jean Paul Prates: o que diz respeitar decisões do IBAMA ou o que “tem certeza” da licença para poço na foz do Amazonas?
Uma no cravo, outra na ferradura. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, até tenta demonstrar respeito pelas decisões do IBAMA quanto ao licenciamento das atividades de petróleo, em especial àquela que, com embasamento técnico e legal, negou à petroleira licença para perfurar um poço exploratório no bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas. Mas basta um minuto para que o executivo volte a pressionar o órgão ambiental para que libere o documento.
Em cerimônia comemorativa aos 70 anos da petroleira, na 3ª feira (3/10), Prates defendeu uma boa relação com o IBAMA na busca por licença para perfurar poços de petróleo na Margem Equatorial, relatam Agência Brasil, IstoÉ Dinheiro e Investing.com. No dia anterior, o órgão concedeu licença à Petrobras para perfurar dois poços exploratórios de petróleo na Bacia Potiguar, no leste da margem.
“Faz parte das licitudes de uma empresa de exploração e produção enfrentar, não no sentido bélico, a situação do licenciamento ambiental de forma correta, de forma responsável, demorando o tempo que tiver que demorar. Evidentemente, não faz sentido ficar pressionando, nem ficar dizendo que o IBAMA é isso ou aquilo, que está impedindo isso ou aquilo. Eles estão fazendo o que devem fazer”, afirmou.
Mas, logo depois, quando perguntado sobre a foz do Amazonas, o presidente da Petrobras informou que todas as exigências do órgão ambiental foram cumpridas – o que não parece ser a avaliação de Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA – e que “as discussões vão se intensificar”. Na 2ª feira (2/10), Prates já tinha afirmado que a foz era prioridade para a empresa e que “tinha certeza” que a licença sairia porque o FZA-M-59 “foi licitado em leilão federal”.
Ao mesmo tempo em que insiste na exploração de uma região de alta sensibilidade ambiental como a foz do Amazonas, a Petrobras tenta vender a imagem de liderança na transição energética brasileira, mostra o Poder 360. Em vídeo gravado para a comemoração dos 70 anos da estatal, o presidente Lula disse que “a megaoportunidade que o país tem, de ser o maior produtor de energia renovável, vai depender da Petrobras”, destaca o Valor. Se isso for verdade, estamos mal, já que até agora a empresa só anunciou planos e estudos para fontes renováveis, sem nenhum projeto efetivamente a caminho.
Também na cerimônia festiva, Prates disse que a Petrobras busca parceiros dispostos a dividir com ela a “mudança efetiva” para implantação de projetos renováveis, informa o Valor. O executivo reiterou as intenções de investimentos em eólicas offshore e em novos projetos de baixo carbono, e afirmou que o novo plano estratégico 2024-2028, a ser anunciado no fim de novembro, seguirá a diretriz da transição energética. Continuamos aguardando ansiosamente – mas sentados para não cansar.
ClimaInfo, 5 de outubro de 2023.
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