Cooperação climática: reaproximação entre China e EUA gera expectativa para a COP28

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@ClimateEnvoy

Declaração de Xi Jinping e Joe Biden retoma cooperação entre China e EUA e injeta otimismo na véspera da Conferência do Clima de Dubai (COP28).

Os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta deram um passo importante para a retomada da cooperação diplomática em temas de clima. Os governos de China e Estados Unidos divulgaram nesta 4ª feira (15/11) uma declaração conjunta na qual reafirmam sua disposição em implementar o Acordo de Paris e atuar para o sucesso da próxima Conferência do Clima de Dubai (COP28), que começa no próximo dia 30. 

“Os EUA e a China continuam empenhados na implementação eficaz do Acordo de Paris (…) e sublinham a importância da COP28 na resposta significativa à crise climática durante esta década e além. [Os dois países] estão conscientes do importante papel que desempenham em termos de respostas nacionais e de trabalho conjunto e cooperativo para atingir os objetivos do Acordo de Paris e promover o multilateralismo”, diz a declaração sino-americana.

O texto foi divulgado uma semana após o encontro entre John Kerry e Xie Zhenhua, enviados especiais dos EUA e China para o clima, na Califórnia. A reunião sedimentou a reaproximação diplomática entre Pequim e Washington na agenda climática, que foi prejudicada nos últimos anos por conta das divergências geopolíticas e econômicas entre as duas potências. A declaração também antecipa um importante encontro de Xi e Biden nesta semana, na primeira visita do líder chinês aos EUA em seis anos.

Um dos destaques da declaração sino-americana é a disposição dos dois países em ampliar as energias renováveis e reduzir o consumo de combustíveis fósseis, de forma a triplicar a capacidade global de geração renovável até 2030 em relação a 2020. No texto, Pequim e Washington observaram a necessidade de “acelerar a substituição da produção [de energia] de carvão, petróleo e gás, e assim antecipar uma redução absoluta significativa das emissões do setor energético após o pico, nesta década crítica de 2020”.

Como o NY Times pontuou, esta parece ser a primeira vez que o governo chinês manifestou concordância com metas específicas de emissões em qualquer setor de sua economia. No entanto, a declaração não inclui outros pontos ainda problemáticos pela perspectiva de Pequim, como a eliminação do uso pesado de carvão para geração de energia.

A reaproximação entre China e EUA é um sinal importante para a COP28, observou a Bloomberg. Pelo peso e pela importância econômica e política dos dois países, um entendimento básico entre eles é visto como fundamental por muitos analistas para um sucesso das negociações climáticas em Dubai.

A declaração sino-americana sobre cooperação climática teve ampla cobertura da imprensa internacional, com manchetes na AFP, Al-Jazeera, Associated Press, BBC, CNN, Guardian, POLITICO, Reuters e Washington Post.

 

ClimaInfo, 16 de novembro de 2023.

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