Depois da União Europeia, o Reino Unido confirmou que aplicará cobrança sobre a pegada de carbono de produtos importados como ferro, aço, alumínio e cimento.
O governo do Reino Unido anunciou na última 2ª feira (18/12) que pretende cobrar uma taxa de carbono sobre algumas mercadorias importadas a partir de 2027. A medida será aplicada às importações de ferro, aço, alumínio, cerâmica e cimento e o imposto dependerá da quantidade de carbono emitida na produção e da diferença entre o preço do carbono no Reino Unido e no país de origem.
De acordo com as autoridades britânicas, a medida reduzirá o “risco de fuga de carbono”, ou seja, o deslocamento da produção dessas mercadorias para países com objetivos e políticas climáticas mais fracas. Na prática, ela resguarda os produtores domésticos ao dificultar a entrada de produtos desses mercados, que poderiam se beneficiar com preços mais baixos que os produtos nacionais.
“O mecanismo de ajuste fronteiriço de carbono [CBAM, sigla em inglês] garantirá que produtos estrangeiros altamente comercializados e com utilização intensiva de carbono nesses setores tenham um preço de carbono comparável aos produzidos no Reino Unido”, disse o governo britânico em nota.
A medida é similar àquela tomada pela União Europeia no ano passado. O objetivo é o mesmo: resguardar as políticas climáticas do bloco, bem como os produtores domésticos, ao dificultar a entrada de mercadorias de países com alta pegada de carbono. A taxa europeia passará a ser cobrada ao final de 2025.
Essas iniciativas enfrentam críticas fortes de países exportadores de commodities, como o Brasil, que acusam os governos europeus de protecionismo comercial travestido de preocupação ambiental. O argumento também tem sido utilizado para contestar outras medidas comerciais recentes da UE, como a restrição à importação de mercadorias associadas ao desmatamento, o que atinge em cheio as exportações primárias brasileiras.
Associated Press, Bloomberg, Financial Times, Guardian e Reuters, entre outros, repercutiram a notícia.
Em tempo: O Greenpeace britânico e o grupo ativista Uplift processaram o governo do Reino Unido nesta semana por conta da aprovação a um polêmico projeto de exploração de petróleo e gás no Mar do Norte. As duas ações miram o projeto de Rosebank, considerado uma “bomba de carbono” pelo seu potencial de produção de combustíveis fósseis. De acordo com os reclamantes, a decisão do governo britânico favorável ao empreendimento é incompatível com os compromissos governamentais de neutralidade do carbono até 2050. O projeto também consumirá um grande volume de recursos públicos por conta dos incentivos fiscais concedidos pelas autoridades britânicas, o que pode cobrir até 90% dos custos totais. Bloomberg, Financial Times e Guardian deram mais detalhes.
ClimaInfo, 20 de dezembro de 2023.
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