Secretário da Fazenda vai para conselho da Petrobras para acelerar plano de transição energética da petroleira

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Washington Costa/MF

Coordenador da agenda de transição ecológica no Ministério da Fazenda, secretário Rafael Dubeux terá a missão de fortalecer os debates sobre o tema na estatal.

Atual secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, vai representar a pasta no conselho de administração da Petrobras. A entrada de um representante da Fazenda no colegiado foi informada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, depois de reunião com o presidente Lula e a cúpula da empresa após o ruído causado pela não distribuição de dividendos extraordinários. O ministro Fernando Haddad também participou do encontro.

Segundo fontes do governo ouvidas por Míriam Leitão n’O Globo, a indicação de Dubeux pretende fortalecer o plano de transformação ecológica do governo, já que é ele quem cuida desse assunto no Ministério da Fazenda. E, de quebra, fortalecer os debates sobre transição energética na petroleira, informam Valor e Poder 360.

Dubeux já esteve em dois lançamentos internacionais do plano de transição verde do governo com Haddad, em Nova York e Dubai. O programa envolve um conjunto de ações governamentais para colocar o Brasil no centro do debate da transição para uma economia verde.

Doutor em Relações Internacionais pela UnB, com tese sobre inovação em energia de baixo carbono, Dubeux fez mestrado no mesmo programa e graduação em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foi pesquisador visitante na Universidade da Califórnia, Berkeley, e participa do grupo de pesquisa da UnB denominado Sistema Internacional no Antropoceno e Mudança Global do Clima.

Com essas credenciais, Dubeux foi chamado por Haddad para o governo com a missão de liderar o plano de transformação ecológica. Neste ano, tornou-se secretário-executivo adjunto, para facilitar suas participações em eventos e negociações no exterior.

A chegada de Dubeux pode acelerar os planos de transição energética da Petrobras. Afinal, até agora a petroleira não saiu da fala para a ação, sendo cobrada por ambientalistas e também por seus trabalhadores, por meio da Federação Única dos Petroleiros (FUP). E de quebra, destaca o Invest News, diminui o poder na empresa do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um voraz defensor da expansão da exploração e da produção de combustíveis fósseis pela estatal.

“Como conselheiro da Petrobras, o assessor especial do ministro Fernando Haddad pode ajudar a empresa a se transformar em uma companhia de energia, não só de petróleo. É uma chance de modernizar a empresa, tirar da timidez seu investimento em renováveis e seguir a tendência global trilhada há algum tempo pelos nomes de vanguarda do setor”, ressalta Daniela Chiaretti no Valor.

Folha, g1, Estadão e Brasil 247 também noticiaram a indicação de Rafael Dubeux para a Petrobras.

Em tempo: Para tentar disfarçar a sujeira e as mudanças climáticas que causa ao planeta, a indústria dos combustíveis fósseis é capaz até de mudar seu nome. É o que está fazendo a Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), que a partir deste mês passa a se chamar ABCS – Associação Brasileira do Carbono Sustentável [????????]. Segundo o presidente da entidade, Fernando Luiz Zancan, a mudança de nome reflete o novo momento da atividade, que tem como foco a transição energética, com o desenvolvimento de novos produtos e de tecnologia, detalha o Canal Energia. Devem ter se inspirado no senador Marcelo Castro (MDB-PI), que em outubro do ano passado disse que a negativa do IBAMA de conceder licença para a Petrobras explorar petróleo na foz do Amazonas era “o nome dado à região”, e não os imensos impactos socioambientais da atividade.

 

 

ClimaInfo, 13 de março de 2024.

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