Novas tensões entre Azerbaijão e Armênia lançam dúvidas sobre a COP29

Azerbaijão e Armênia COP29
AlixSaz/WikimediaCommons

Depois do acordo que permitiu escolha do Azerbaijão para sediar a COP29, a tensão voltou a crescer com a Armênia por conta de disputas territoriais.

A pouco mais de sete meses da abertura da próxima Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP29), programada para acontecer em Baku, o fantasma de uma guerra entre Azerbaijão e Armênia voltou a assombrar a região do Cáucaso. Nos últimos dias, os dois países voltaram a trocar acusações sobre mobilização militar na fronteira, o que travou as discussões bilaterais por um fim definitivo ao conflito entre eles.

Em setembro de 2023, tropas azeris retomaram a região separatista de Nagorno-Karabakh e expulsaram a população armênia que controlava a área. O governo de Yerevan acabou isolado politicamente e forçado a firmar um entendimento de paz com Baku, abrindo mão em definitivo do território. Esse acordo inicial permitiu que o Azerbaijão fosse confirmado como sede da COP29 em novembro passado, durante a COP28 de Dubai.

No entanto, desde então, as conversas entre Azerbaijão e Armênia em torno de um acordo final ficaram travadas. Assim, milhares de soldados permanecem mobilizados dos dois lados da fronteira de cerca de 1 mil km de extensão. No domingo passado (31/3), o governo azeri acusou as autoridades armênias de mobilizar tropas para um eventual ataque na fronteira. Os armênios, por sua vez, refutaram a acusação e insinuaram que seus vizinhos azeris estariam se preparando para uma nova ofensiva.

Na última 4ª feira (3/4), o secretário de estado dos EUA, Antony Blinken, conversou por telefone com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev. O diplomata norte-americano criticou as declarações inflamadas dos dois países e apontou que elas prejudicam as perspectivas de paz na região. Já o líder azeri criticou a “falta de transparência e inclusão” dos EUA, que realizarão hoje (5) uma reunião com representantes da Armênia e da União Europeia sem a participação de Baku. A Reuters deu mais informações.

A RFI destacou a apreensão da população armênia, que teme não apenas um novo ataque das forças azeris, mas também uma possível concessão de novos territórios por parte de Yerevan nas negociações do acordo de paz. O Azerbaijão reivindica oito aldeias controladas pela Armênia na região da fronteira e dentro do território do país vizinho.

Por ora, nem o governo do Azerbaijão nem o secretariado da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), responsável pela COP29, se manifestaram sobre a possibilidade de uma mudança na sede do evento em caso de um novo conflito na região.

Em tempo: A grave crise financeira que aflige o secretariado da UNFCCC causou a primeira baixa significativa na agenda internacional do clima. Na semana passada, a UNFCCC confirmou que não irá realizar neste ano as Semanas Climáticas (Climate Weeks) regionais por conta da falta de recursos. Assim, perde-se uma ocasião importante que atores regionais tinham dentro do calendário oficial da ONU para discutir os aspectos locais da crise climática. “As Semanas Climáticas são uma oportunidade vital para trazer uma voz regional mais forte, daqueles que estão pagando a conta nos países em desenvolvimento por uma crise que eles não causaram, à mesa internacional de preparação para as COPs climáticas da ONU”, escreveu Dulce Marrumbe, da WaterAid, no Climate Home.

 

 

ClimaInfo, 5 de abril de 2024.

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