Desastres climáticos já geram mais refugiados que guerras e repressão

Desastres climáticos refugiados
internal-displacement.org

Novos dados da Organização Internacional de Migrações da ONU indicam um aumento significativo das migrações provocadas por eventos climáticos extremos em 2023, inclusive no Brasil.

Os deslocamentos provocados por eventos climáticos extremos e outros desastres naturais superaram aqueles causados por guerras, repressão e violência em 2023. A conclusão é da Organização Internacional de Migrações (OIM), que divulgou nesta 3ª feira (14/5) o relatório mais recente do Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC).

De acordo com o relatório, desastres como os ciclones Freddy e Mocha e os incêndios florestais no Canadá, além do terremoto na Turquia e na Síria, resultaram no deslocamento interno de 26,4 milhões de pessoas em 2023. Esse número representa 56% do total de deslocamentos (46,9 milhões) e supera em mais de seis milhões aqueles provocados por conflitos e perseguição política.

O Brasil figura entre os seis países com o maior número de pessoas deslocadas por conta de desastres naturais. Segundo a OIM, o país registrou 745 mil deslocamentos no Brasil, atrás apenas da China (4,7 milhões), Filipinas (2,5 milhões), Somália (2 milhões), Bangladesh (1,7 milhão) e Mianmar (995 mil).

O relatório cita os efeitos do La Niña no 1º semestre do ano passado, que resultaram em chuvas intensas na Amazônia e clima mais seco no sul brasileiro, e do El Niño a partir do 2º semestre, com a Amazônia experimentando sua pior seca em um século e as chuvas se intensificando na região Sul.

“Enquanto o planeta enfrenta conflitos e desastres, os números surpreendentes de quase 47 milhões de novos deslocamentos internos contam uma história angustiante”, disse Ugochi Daniels, vice-diretor da OIM. “Este relatório é um lembrete claro da necessidade urgente e coordenada de se expandir a redução do risco de desastre, apoiar a construção da paz, garantir a proteção dos Direitos Humanos e, sempre que possível, prevenir o deslocamento antes que ele aconteça”.

O UOL repercutiu esses dados.

Em tempo: Por falar em deslocamentos internos causados por eventos extremos, a Reuters abordou como as chuvas históricas no Rio Grande do Sul podem desencadear um dos maiores eventos de migração climática do Brasil na história recente. Uma das questões que já confrontam os gestores públicos é a mudança de comunidades inteiras para áreas mais seguras. “Precisamos afastar a infraestrutura urbana de ambientes de alto risco e devolver espaço aos rios para que não impactem mais as cidades com tamanha magnitude”, defendeu Marcelo Dutra, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

 

 

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ClimaInfo, 15 de maio de 2024.

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