Com reservatórios hidrelétricos sofrendo com a seca, defensores dos combustíveis fósseis clamam por mais térmicas, mas consumidores e especialistas sugerem alternativas mais limpas e baratas.
Os mesmos eventos climáticos extremos que afetam a produção agropecuária também se refletem nos reservatórios das hidrelétricas, ainda a principal fonte de energia elétrica do país. Com a queda dos níveis, e sem chuvas para reposição dos volumes, o sinal de alerta se acendeu no governo. O problema é que lobistas pró-fósseis de plantão já querem resolver o problema acionando [e contratando] termelétricas a combustíveis fósseis, que geram eletricidade suja e cara.
Em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta semana, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) previu uma entrada de água nos reservatórios bem abaixo da média em setembro, informam Poder 360, Exame, Estadão e g1. Assim, uma das medidas autorizadas pelo CMSE foi o acionamento de mais térmicas, inclusive de usinas com tarifa mais cara. Que, claro, será paga por todos nós, consumidores.
Mas o governo teria outras opções, mais baratas e muito menos poluentes, para evitar possíveis problemas no abastecimento elétrico, explica o presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, no Jornal Nacional.
“Existem outras alternativas. Uma delas está justamente nos grandes consumidores de eletricidade, que podem alterar seu modo de produção, reduzindo o consumo no horário de pico e consequentemente fazendo com que precisemos de menos potência e, com isso, menos geração termelétrica.”
Outra solução nesse sentido é levantada por Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Além de doer menos no bolso, evitaria o agravamento das mudanças climáticas, já que, com menos térmicas funcionando, as emissões de gases de efeito estufa seriam menores.
“Seria muito mais razoável, mesmo na situação atual, premiar quem consumiu menos energia elétrica do que estimular um consumo maior e mais caro com uma termelétrica. Seria uma medida muito mais eficaz e positiva, porque se deixaria de emitir CO2, não agravando as mudanças climáticas. Seria uma medida muito mais prudente e com efeitos maiores.”
Em tempo 1: A hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, precisou paralisar parte de suas unidades geradoras por causa da seca extrema do rio Madeira e está funcionando com apenas 14% das turbinas, informam g1, Folha, BNC Amazonas e Investing.com . Na 3ª feira (3/9), o rio chegou ao menor nível já observado em quase 60 anos, atingindo 1,02 metro.
Em tempo 2: A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) reduziu a cobrança extra sobre a conta de luz em setembro, após pedir revisão de informações fornecidas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em vez de patamar 2, o mais caro do sistema tarifário de bandeiras, a bandeira vermelha deste mês será patamar 1, informa a CNN. Com isso, a cobrança extra nas contas de luz será de R$ 4,463 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Se o patamar 2 fosse mantido, o valor extra seria de R$ 7,87 por 100 kWh.
ClimaInfo, 6 setembro de 2024.
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