Níveis dos rios e dos reservatórios em todo o mundo estiveram abaixo da média nos últimos cinco anos, alerta relatório da OMM sobre recursos hídricos.
A redução drástica nos níveis de rios que ocorre pelo segundo ano consecutivo na Amazônia – o rio Negro é o exemplo mais recente do problema [saiba mais abaixo] – não é uma exclusividade da maior bacia hidrográfica do planeta. Em todo o mundo vários cursos d’água e reservatórios estão baixando mais do que o habitual por causa de estiagens inesperadas, que têm nas mudanças climáticas sua causa.
Nos últimos cinco anos, os níveis dos rios e dos reservatórios ao redor do mundo estiveram abaixo da média, mostra o relatório State of Global Water Resources 2023, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Segundo o documento, somente no ano passado os rios secaram na maior taxa em três décadas, pondo em risco o abastecimento global de água, destaca o Guardian.
No ano passado, mais de 50% das bacias hidrográficas globais apresentaram condições anormais, principalmente em déficit, algo semelhante aos anos de 2022 e 2021. As áreas que enfrentaram seca severa e condições de baixa vazão incluíram vastos territórios das Américas: os rios Amazonas e Mississippi, por exemplo, registraram níveis recordes de baixa. Na Ásia e na Oceania, as grandes bacias dos rios Ganges, Brahmaputra e Mekong apresentaram condições abaixo do normal em quase todos os seus territórios.
O relatório da OMM evidencia que as mudanças climáticas vêm tornando os ciclos hidrológicos mais erráticos, contribuindo para os muitos prejuízos às populações e ecossistemas, explica a Folha. Segundo a ONU, mais de 3,6 bilhões de pessoas têm acesso inadequado à água por pelo menos um mês durante o ano. A projeção é de que esse número suba para 5 bilhões até 2050.
A Argentina teve chuvas bem abaixo da média por quatro anos consecutivos, o que gerou consequências severas: “A seca levou a uma redução de 3% do PIB da Argentina em 2023”, destaca o relatório.
A crise climática, associada a fenômenos climáticos naturais como o El Niño, em meados do ano passado, colaborou para a ocorrência de eventos hidrológicos extremos. “Como resultado do aumento das temperaturas, o ciclo hidrológico acelerou. Também se tornou mais errático e imprevisível, e estamos enfrentando problemas crescentes de excesso ou escassez de água. Uma atmosfera mais quente retém mais umidade, o que favorece chuvas intensas. Uma evaporação mais rápida e o ressecamento dos solos agravam as condições de seca”, ressaltou Celeste.
Washington Post, WION e ABC também repercutiram o relatório da OMM.
Em tempo: O rio Negro desceu ainda mais e atingiu às 20h15 de domingo (6/10) cota de 12,39 metros, seu menor nível em 122 anos de medição em Manaus, informam Folha e Terra. A marca recuou 29 cm desde quinta-feira, quando já havia batido o recorde de baixa do ano passado, e pode cair ainda mais devido à falta de previsão de chuva para a região amazônica. No ano passado, na até então seca mais severa a atingir a Amazônia, o nível do Negro chegou a 12,70 m em 26 de outubro. Neste ano, os dados do Sistema Hidro do Serviço Geológico do Brasil (SGB) registraram 12,68 m na quinta passada. No dia seguinte, a marca caiu para 12,59 m.
ClimaInfo, 8 de outubro de 2024.
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