Brasil despeja 1,3 milhão de toneladas de plástico anualmente nos oceanos

Brasil despeja toneladas de plástico nos oceanos
Lucien Wanda

País está no ranking dos 10 maiores poluidores por plástico do mundo: é o 8º no cenário mundial e lidera a poluição na América Latina.

Além de inundar a atmosfera com gases de efeito estufa, os combustíveis fósseis são os responsáveis por outro estrago no planeta: a poluição plástica. E infelizmente o Brasil está muito mal na foto que retrata os países que mais poluem água e solo com plásticos.

É o que mostra o relatório “Fragmentos da Destruição: Impactos da Poluição Plástica à Biodiversidade Marinha Brasileira”, lançado na 5ª feira (17/10) pela Oceana Brasil. O documento relata que o Brasil despeja 1,3 milhão de toneladas de plástico nos mares a cada ano, informam Correio Braziliense, CBN e Diário de Pernambuco.

Tal volume representa 8% do total global. Com isso, o Brasil integra o triste ranking dos 10 maiores poluidores por resíduos plásticos do mundo. O país está na 8ª posição no ranking mundial, e é o líder da sujeira plástica na América Latina.

A poluição por plásticos é a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, atrás apenas das mudanças climáticas, segundo a ONU. Isto por conta dos impactos sobre todos os ecossistemas, incluindo a biodiversidade marinha, explica Míriam Leitão n’O Globo.

“Além deste estudo nos ajudar a dimensionar melhor o tamanho e a dinâmica do problema, é fundamental também entender que o plástico que polui nossos mares chega lá por conta de um modelo de produção e descarte que precisa ser urgentemente substituído”, afirma o diretor-geral da Oceana, o oceanólogo Ademilson Zamboni.

O estudo alerta ainda que os microplásticos já fazem parte da dieta humana, sendo encontrados em 9 das 10 espécies de peixes mais consumidos globalmente. No Brasil, essa contaminação foi detectada também em riachos da Amazônia, onde 98% dos peixes continham plástico no intestino e nas brânquias. Tudo isso faz dessa contaminação uma questão de saúde pública.

Uma vasta literatura científica deixa claro o impacto da poluição plástica sobre nossa saúde, lembra Juliana Aguilera no ClimaInfo. Desde dados que comprovam que comemos, por semana, o equivalente a um cartão de crédito de plástico, aos que mostram que, mesmo na vida uterina, o feto já entra em contato com microplásticos através da placenta. Esse contato tão intenso e intrínseco com o plástico gera alterações hormonais, câncer, problemas cardíacos e infertilidade.

O estudo da Oceana também comprovou os efeitos do plástico sobre os animais marinhos. Quando ingerido, o plástico leva à desnutrição, diminuição da imunidade e até à morte, além de expor os organismos a compostos químicos nocivos. Entre as tartarugas-verdes, por exemplo, cada grama de plástico ingerido aumenta em 450% o risco de definhamento.

Enquanto o estrago continua, projetos de lei que visam à limitação do uso do plástico ou concedem benefícios fiscais à indústria de reciclagem tramitam no Congresso, lembra o Um só planeta. Em junho, o governo federal lançou a Estratégia Nacional da Economia Circular, cujo próximo passo será apresentar metas, padrões e indicadores para que seja implantada. Mas tudo ainda está no terreno das ideias, quando o que mais se precisa é de ação.

 

 

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ClimaInfo, 18 de outubro de 2024.

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