Clima e eleições: quase metade dos brasileiros avalia que prefeituras não fazem nada para enfrentar as mudanças climáticas

monóxido de carbono fumaça queimadas
Joédson Alves/Agência Brasil

Resultados da pesquisa do Datafolha, que também avaliou os governos federal e estaduais, mostram que agenda climática ainda não foi encampada adequadamente pelo poder público.

Uma pesquisa feita pelo Datafolha sob encomenda da Fundação SOS Mata Atlântica buscou saber como a população avalia a atuação das diferentes esferas de poder no enfrentamento das mudanças climáticas. E às vésperas do 2º turno das eleições municipais, o que se vê é que os prefeitos das cidades brasileiras estão deixando bastante a desejar em desenvolver ações contra os efeitos da crise climática.

Para 46% dos entrevistados, a prefeitura de sua cidade não está fazendo nada para lidar com os impactos das mudanças climáticas. Outros 18% responderam que o governo municipal, responsável pela zeladoria das cidades, faz menos do que deveria. Para 20%, a prefeitura faz o que deveria, enquanto 6% acham que faz mais do que deveria. Os demais 10% não quiseram opinar, detalha a Folha.

A pesquisa, feita em setembro, antes do 1º turno, mostra ainda que o governo federal teve avaliação ligeiramente superior aos governos estaduais e municipais – os prefeitos foram os mais mal avaliados. Ainda que 39% tenham dito que o governo federal não faz nada para enfrentar a crise do clima, 54% responderam que está fazendo algo – 25% disseram que faz menos do que deveria, 22%, que faz o que deveria, e 7%, além do que deveria.

Em relação ao governo de seu estado, 40% consideraram nula a ação para enfrentar as mudanças climáticas. Já para 49%, há algum tipo de ação: para 21%, é suficiente, para outros 21%, é menos do que o necessário, e para 6%, mais do que o necessário.

Para Malu Ribeiro, diretora de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, os resultados mostram que a questão climática não foi encampada adequadamente pelo poder público como um todo. “Isso revela a distância dos partidos políticos tradicionais da realidade que o mundo está vivendo”, afirma Malu.

Em suma, a especialista do SOS Mata Atlântica reforça que se o clima mudou, a política também tem que mudar. Sobretudo porque a percepção da população brasileira sobre as mudanças climáticas continua crescendo.

É o que mostra outra pesquisa do Datafolha, feita no início de outubro, que constatou que o percentual de brasileiros que veem a crise climática como um risco imediato chegou a 60% após a crise dos incêndios no país. Em junho, o percentual era de 52%, lembra a Folha.

Além disso, especificamente sobre as chamas, quase metade dos brasileiros consideram que tiveram a vida muito afetada pela fumaça dos incêndios, mostra a pesquisa. Numa escala de 0 a 10, em que 0 significa que não causou impacto e 10 que impactou muito, 42% dos entrevistados afirmaram que as queimadas e a fumaça afetaram a vida, de modo geral, no maior nível possível, entre 9 e 10, destaca a Folha. Outros 25% dizem ter sido afetados num nível entre 7 e 8, 18% se consideraram afetados entre 4 e 6, e 14% foram nada ou pouco afetados (de 0 a 3).

 

ClimaInfo, 22 de outubro de 2024.

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