
O Chade, assim como Camarões, Níger, Nigéria e Sudão, vem enfrentando chuvas extremas, que causaram inundações prolongadas. Desde julho, as enchentes mataram pelo menos 576 pessoas e afetaram mais de 1,9 milhão – mais de 10% da população do país –, segundo a ONU. Os temporais foram intensificados pelas mudanças climáticas, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis.
É o que mostra um estudo de atribuição da World Weather Attribution (WWA), rede global de cientistas climáticos. De acordo com o levantamento, as mudanças climáticas tornaram as chuvas sazonais nas bacias do Níger e do Lago Chade de 5% a 20% mais intensas neste ano, causando uma catástrofe humanitária, destaca a Al Jazeera.
E não se trata de algo pontual. Segundo o relatório, as chuvas extremas podem ocorrer anualmente se as mudanças climáticas continuarem se agravando no ritmo atual. “Períodos de chuvas intensas no verão tornaram-se o novo normal no Sudão, Nigéria, Níger, Camarões e Chade”, disse Izidine Pinto, pesquisador do Instituto Meteorológico Real da Holanda e integrante da WWA.
Os cientistas acrescentaram que o impacto das inundações extremas, agora comuns, é agravado pela pobreza, urbanização rápida e problemas de gestão da água. Além disso, conflitos criaram uma crise na região, com milhões de deslocados no Chade, Nigéria e Sudão vivendo em abrigos improvisados e em maior risco quando as chuvas causam inundações, explica o Africa News.
O estudo afirma que a região precisa se preparar para chuvas muito mais intensas do que as observados em 2024 e que é urgente melhorar a gestão da água e reduzir a vulnerabilidade. Além disso, pede mais investimentos em sistemas de alerta precoce e melhorias nas barragens da região, e que os países ricos contribuam com “financiamento significativo” para ajudar.
Há também um apelo aos delegados da COP29, que começa em 11 de novembro em Baku, no Azerbaijão, para que tomem medidas para acelerar a transição energética com a eliminação dos combustíveis fósseis.
Bloomberg, RFi, CNBC e DW também noticiaram o novo estudo da WWA sobre as chuvas extremas na África.