Em seu modelo atualizado após projeções do PNUMA, NGFS estima que as perdas do PIB poderiam chegar a 30% com aumento da temperatura de 3°C.
Especialistas calculam com regularidade os prejuízos das mudanças climáticas, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis, sobre a economia global. Os números são sempre preocupantes. Contudo, com a inação de governos e empresas em conter a crise climática, as contas são revistas com frequência. E no geral pioram e preocupam [ou deveriam preocupar] ainda mais.
Foi o que fez a Network for Greening the Financial System (NGFS), que reúne 141 bancos centrais e supervisores e 21 observadores, localizados em cinco continentes. Em seu mais recente relatório, a NGFS destaca que “o impacto projetado do risco físico” das mudanças climáticas sobre o produto interno bruto (PIB) global quadruplicou até 2050 em alguns cenários, informa a Bloomberg.
O alerta segue o relatório Emissions Gap, do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), que afirmou no mês passado que, nas políticas atuais, o mundo está atualmente no caminho para uma elevação de temperatura de 3,1°C acima dos níveis pré-industriais. Com cerca de 3°C de aquecimento, a NGFS indica em seu modelo atualizado que as perdas do PIB poderiam chegar a cerca de 30%.
A rede de bancos centrais afirma que será necessária uma “transformação econômica substancial que afete todos os setores da economia” para que as emissões líquidas sejam eliminadas até meados deste século. O fato dos esforços para implementar políticas climáticas até agora terem sido lentos significa que os governos precisarão adotar uma “abordagem mais ambiciosa daqui em diante”, diz o relatório. A falta de ação oportuna também implica em “emissões mais altas no curto prazo e uma transição mais disruptiva do que o previsto anteriormente”.
Um mecanismo-chave para reduzir as emissões é o preço do carbono, que, segundo a NGFS, ainda está bem abaixo do nível necessário para promover uma mudança real. Com o carbono em torno de US$ 300 por tonelada – US$ 50 a mais do que o indicado anteriormente pelo grupo – “seria necessário até 2035 para incentivar uma transição rumo ao net zero até 2050”. A diferença para mais reflete o atraso na redução das emissões de gases de efeito estufa, o que exige políticas mais rigorosas para atingir as metas climáticas sem alterações, ressaltou a rede.
“O relatório avalia que as perdas do PIB até 2050 podem ser de duas a quatro vezes maiores do que as estimadas anteriormente. Elas aumentam significativamente para os cenários Current Policies (5% a 15%) e Net Zero 2050 (2% a 7%). Refletindo a ciência climática mais recente, os cenários ajudarão os bancos centrais e o setor financeiro a gerenciar os riscos associados”, explicou Sabine Mauderer, presidente da NGFS e primeira vice-governadora do Deutsche Bundesbank.
ClimaInfo, 7 de novembro de 2024.
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