Alckmin e Marina criticam saída da Argentina da COP29

Enquanto o vice-presidente lamentou o negacionismo climático, a ministra do Meio Ambiente disse que a saída dos negociadores argentinos não impactará as discussões em Baku.
15 de novembro de 2024
Alckmin e Marina criticam saída da Argentina da COP29
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A saída da delegação argentina da COP29, ordenada pelo presidente do país, Javier Milei, não caiu bem entre os negociadores reunidos desde a última 2a feira (11/11) em Baku, no Azerbaijão. Os chefes da representação brasileira na COP, o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, lamentaram a decisão de Buenos Aires, mas demonstraram otimismo quanto à continuidade das negociações.

Antes de embarcar de volta ao Brasil nesta 5a feira (14), Alckmin lamentou a saída dos negociadores argentinos e destacou que o “negacionismo frente à questão climática é muito ruim”. Milei, assim como outros nomes da extrema-direita global, é um notório negacionista da crise climática.

“A ciência é para ajudar a Humanidade, para que as pessoas possam viver melhor, ter uma qualidade de vida melhor. E está nítida a questão das mudanças climáticas, a sua repercussão inclusive na economia”, disse Alckmin em conversa com jornalistas. 

Já Marina Silva comentou que a decisão argentina de deixar a COP29 “vai na contramão” do contexto global. “Muitas pessoas podem até concordar com posições em relação à questão de costumes, mas não querem ver a vida de suas famílias ameaçada, não querem ver seus negócios sendo prejudicados. Aqueles que estão saindo do Acordo de Paris, (…) não ficarão impunes em relação às cobranças que suas sociedades irão lhes fazer e já estão fazendo”, defendeu.

Mesmo com as críticas, tanto Alckmin quanto Marina calibraram as falas para evitar uma crise diplomática na véspera da cúpula do G20, que acontece na próxima semana no Rio de Janeiro. “Não vai mudar as relações de Estado, que não são pessoais”, afirmou o vice-presidente. A ministra, por sua vez, disse esperar que a decisão de Milei não interfira nas discussões do G20.

De acordo com a Folha, a delegação argentina foi notificada da decisão da Casa Rosada ainda na 3a feira (12), no 2o dia da COP29. Em seguida, os negociadores do país notificaram governos parceiros nas negociações climáticas, como o Brasil. O negociador-chefe da COP, o azeri Yalchyn Rafiev, disse que se trata de uma “questão bilateral entre Argentina e ONU” e que a presidência da Conferência não comentaria sobre a saída dos argentinos.

Organizações da sociedade civil argentina que participam da COP29 foram bem mais duras em suas reações à saída dos negociadores do país. “Não estar representado na COP nos tira a credibilidade e a segurança jurídica, e impede diretamente a chegada de investimentos para a Argentina. Tudo ao contrário do que é um país sério”, criticou o coletivo Jóvenes por el Clima Argentina, citado pelo Estadão.

As críticas de Alckmin e Marina à saída da Argentina de Milei da COP29 também foram abordadas por Agência Brasil, CNN Brasil, Exame e Valor, entre outros.

  • Em tempo: Enquanto o governo federal segue em um impasse sobre a presidência da COP30, ao menos um dos cotados para o posto se retirou da disputa. O vice-presidente Geraldo Alckmin, cujo nome cresceu nas especulações na última semana, afirmou em Baku que não presidirá a Conferência de Belém no ano que vem. “Não estou na lista. E o presidente Lula vai escolher muito bem”, comentou Alckmin, citado pela CNN Brasil.

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