Europa quer usar G20 para obrigar emergentes a contribuir com financiamento climático

Em tempo 2: Quatro países – Butão, Suriname, Panamá e Madagascar – lançaram na COP29 uma aliança dos países neutros em emissões de carbono ou até com balanço negativo. Os membros desta coligação, batizada de G-Zero, pedem para obter um status oficial na ONU e recursos para conseguirem se manter nesta privilegiada condição, relata o UOL.
18 de novembro de 2024
COP29 G20 Brasil
Divulgação

Com a COP29 patinando para definir a Nova Meta Quantificada Coletiva (NCQG) do financiamento climático, os olhos se voltam para a cúpula de líderes do G20, que começa nesta 2ª feira (18/11), no Rio de Janeiro. Na presidência do grupo neste ano, o Brasil definiu como prioridades o combate à fome, a reforma da governança global e o desenvolvimento sustentável. Mas a discussão que deve dominar e esquentar os debates envolverá os recursos para finaciamento da transição energética, adaptação e mitigação. 

Segundo a Folha e o Valor, países europeus querem usar o G20 para emplacar sua proposta de tornar obrigatórias as contribuições financeiras de países em desenvolvimento para mitigação e adaptação climática. Segundo um negociador, França e Alemanha querem emplacar essa exigência na declaração final da cúpula. Hoje, pelo Acordo de Paris, os emergentes podem fazer contribuições voluntárias, e só os países ricos têm essa obrigação.

Mas o Brasil e outros emergentes não admitem negociar esse ponto. Justificam essa posição apontando para o fato de os países ricos nunca terem cumprido, na totalidade, a meta acertada no Acordo de Paris de 2015, de US$ 100 bilhões de financiamento anual.

Além disso, países ricos querem que recursos do Banco Mundial e do BID sejam contabilizados em suas metas de contribuição, segundo relatou um negociador. Outro ponto que enfrenta oposição dos países emergentes.

O governo brasileiro avalia que a atual cúpula do G20 é especialmente importante para as negociações climáticas devido à eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Trump já declarou que retirará os EUA do Acordo de Paris quando assumir, assim como fez em 2017.

Mesmo sem ter assumido, Trump pode interferir na declaração final do G20 por meio do presidente da Argentina, Javier Milei. Aliado de carteirinha (ou boneco de ventríloquo) do presidente dos EUA, Milei abriu ao menos cinco frentes de embate no G20: multilateralismo, gênero, desenvolvimento sustentável, tributação de grandes fortunas, clima e meio ambiente. Depois de ter abandonado a COP29, a Argentina apresentou pedidos de rediscussão de temas, recuou no apoio dado à proposta de taxação dos superricos e indicou que pode barrar acordos, informam Estadão e Valor.

O presidente da França, Emmanuel Macron, esteve na Argentina no fim de semana. Em seu encontro com Milei, Macron esperava “superar” as “diferenças”, especialmente sobre o meio ambiente, a fim de “convencer a Argentina a aderir ao consenso internacional (…) e às prioridades do G20”, segundo fontes do governo francês, informam O Globo e g1.

Em outra frente para tentar frear os prejuízos que Trump e seus aliados podem trazer ao clima, a diplomacia brasileira tentava articular para que o governo de Joe Biden anuncie a meta climática dos EUA para a próxima década. A negociação será um dos itens da reunião bilateral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Biden, agendada para 3ª feira (19/11), no encerramento da cúpula de líderes do G20, relata o Valor.

Reuters, UOL, Folha e UOL também repercutiram os desafios do G20.

ClimaInfo, 18 de novembro de 2024.

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  • Em tempo: A conta do clima só faz aumentar: cerca de 60 prefeitos e líderes de cidades reunidos no Rio de Janeiro para o Urban20 Summit (U20), solicitaram no sábado (16/11) US$ 800 bilhões ao ano em investimentos de governos nacionais e instituições multilaterais para fazer frente às mudanças climáticas até 2030, informa o Valor. O montante serviria para cobrir cerca de 20% da necessidade de financiamento climático urbano e servir como catalisador para investimentos adicionais do setor privado. Os prefeitos aproveitaram a reunião de líderes globais do G20 e a COP29 para chamar atenção dos líderes mundiais.

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