O clima quente e os exercícios pesados podem forçar jogadores de futebol a suportar temperaturas acima de 49,5°C nos três países que abrigarão o torneio.
Não é de hoje que especialistas alertam sobre a necessidade dos organizadores dos grandes eventos esportivos mundiais considerarem os efeitos das mudanças climáticas em seus planejamentos. Olimpíadas de Inverno, como a de Pequim em 2022, e de verão, como a de Paris neste ano, foram afetadas por falta de neve e calor extremo, respectivamente.
Agora, pesquisadores chamam atenção para a próxima Copa do Mundo, que será compartilhada entre México, Estados Unidos e Canadá entre junho e julho de 2026, no verão no Hemisfério Norte. Um estudo publicado na Scientific Reports alerta que os jogadores de futebol enfrentam um “risco muito alto de sofrer estresse extremo por calor” em 10 dos 16 estádios que sediarão o torneio, destaca o Guardian.
A pesquisa simulou as condições climáticas dentro dos gramados e descobriu que, entre 14h e 17h, as temperaturas nos estádios alcançarão níveis perigosos, com picos superiores a 50°C nas cidades de Arlington e Houston, nos EUA, e Monterrey, no México. Isso pode resultar em exaustão pelo calor ou até mesmo insolação, explica a Veja. De modo geral, o clima quente e exercícios pesados podem fazer os jogadores suportarem temperaturas acima de 49,5°C nos três países.
No “novo anormal” das mudanças climáticas, os autores do relatório argumentam que serão necessárias medidas para proteger os jogadores da diminuição do desempenho ou, no pior dos casos, de problemas de saúde, frisa El País. Eles ainda sugerem mesmo que as autoridades esportivas reconsiderem o calendário do evento ou sigam o que ocorreu no Catar, onde a Copa foi realizada entre novembro e dezembro, e com a maioria das partidas à noite, para evitar temperaturas extremas.
Responsável pela organização da Copa do Mundo, a FIFA recomenda que as partidas incluam pausas para resfriamento se a temperatura do “bulbo úmido” exceder 32°C. Mas os cientistas estão preocupados que a métrica subestime o estresse que os atletas vivenciam em campo, porque considera apenas o calor e a umidade externos.
Se depender do patrocinador da Copa de 2026, é bom não ter esperanças nem de mudança do calendário, menos ainda para frear as mudanças climáticas. O torneio tem patrocínio da Saudi Aramco, a maior produtora de petróleo do mundo, controlada pelo governo da Arábia Saudita. O governo ainda quer sediar a Copa do Mundo de 2034 – se os jogadores e nós todos sobrevivermos até lá.
ClimaInfo, 6 de dezembro de 2024.
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