
O ano mais quente já registrado pode ter sido sucedido pelo janeiro mais quente já registrado. Dados preliminares do European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF), publicados pelo Climate Change Institute da Universidade do Maine (EUA), indicam que a temperatura média no primeiro mês de 2025 pode ter ficado 1,75oC acima dos níveis pré-industriais.
A leitura vai na contramão da expectativa de cientistas, que indicavam que 2025 poderia ser mais frio do que 2024 e 2023, mas ainda estar entre os anos mais quentes já experimentados desde a Revolução Industrial. Diferentemente dos últimos dois anos, o fenômeno El Niño, causado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico Central, não está ativo; atualmente, estamos sob um fenômeno La Niña, o inverso do El Niño, que poderia ajudar a reduzir as temperaturas globais.
Importante ressaltar que os dados ainda são parciais e abrangem apenas as três primeiras semanas de janeiro. De toda forma, o registro de um janeiro particularmente quente sem a ocorrência do El Niño é preocupante. “Isso significa que janeiro de 2025 se destaca como anômalo, mesmo para os padrões dos últimos dois anos”, afirmou o cientista climático Zeke Hausfather.
Por outro lado, os dados parciais indicam uma tendência de queda nas temperaturas médias globais a partir do final de janeiro, o que pode seguir ao longo de fevereiro. Isso significaria que os sucessivos recordes mensais de calor podem ser interrompidos, ao menos momentaneamente.
Axios, Bloomberg e Valor repercutiram a notícia.
Em tempo 1: Por falar em recorde, o Rio Grande do Sul vive uma forte onda de calor e registrou a mais alta temperatura da história do estado. Na última 3ª feira (4/2), a estação automática do INMET em Quaraí registrou 43,8oC, superior ao recorde histórico até então, observado em Uruguaiana em 2022 (42,9oC). Em várias cidades gaúchas, as máximas ficaram na casa dos 40oC; na capital, Porto Alegre, os termômetros chegaram a 37,6oC. Climatempo, Folha e MetSul deram mais informações.
Em tempo 2: Uma análise recente assinada por um dos climatólogos mais respeitados do mundo indicou que o aumento da temperatura média global decorrente das mudanças climáticas deve superar o limite máximo de 2oC definido pelo Acordo de Paris. Publicado na revista Environment: Science and Policy for Sustainable Development por James Hansen (Universidade de Columbia/EUA), entre outros pesquisadores, o artigo assinala que esse limiar pode ser batido em 20 anos e o aumento pode ser ainda maior nas décadas seguintes sem avanços significativos na remoção de gases de efeito estufa da atmosfera ou no uso de geoengenharia – este, um dos pontos mais polêmicos da discussão científica recente sobre mitigação das mudanças climáticas. A notícia é de Financial Times e Guardian.