Manifestantes protestam contra demissão em massa promovida por Trump no NOAA

Órgão é um dos mais importantes institutos de pesquisa climática do mundo, com estudos que baseiam tomadas de decisão sobre políticas públicas nos Estados Unidos.
6 de março de 2025
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ESA-A.Gerst

“Eu era considerada uma funcionária essencial, parte de uma vigilância de segurança 24 horas por dia, sete dias por semana.” O desabafo foi feito à NBC por Kayla Besong, cientista física do Pacific Tsunami Warning Center, órgão da Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA), demitida semana passada. Ela integrava uma equipe de 12 pessoas que monitorava se partes do litoral do país estavam em risco e emitia alertas. 

Kayla é um dos mais de 800 trabalhadores da NOAA demitidos numa só tacada pela administração Trump, em mais uma ação de sua cruzada que tenta negar as mudanças climáticas. Segundo o Conexão Planeta, o e-mail que comunicou a demissão ainda avisou que em pouco mais de uma hora todos perderiam o acesso a seus computadores, que continham tanto dados pessoais como todas as informações de suas pesquisas.

O desligamento em massa fez com que mais de 1.000 manifestantes se reunissem na 2ª feira (3/3) em frente a um prédio do órgão em Boulder, no Colorado, para protestar contra as demissões, informam Reuters e CBS. Segundo funcionários, o corte afetou mais de 10% dos cientistas da instituição.

A demissão de trabalhadores qualificados e especializados pode sobrecarregar a força de trabalho da NOAA, disseram ex-funcionários e líderes da agência. A NOAA é um dos mais importantes institutos de pesquisa climática do mundo. Seus estudos são base para importantes tomadas de decisão sobre políticas públicas para a conservação ambiental e o combate às mudanças climáticas nos EUA e também em outros países do mundo.

No ano passado, a NOAA registrou 27 desastres com prejuízos superiores a US$ 1 bilhão e que mataram 568 pessoas no país. Foi o segundo maior número desde 1980, quando a agência começou a manter esses registros, mesmo ajustando pela inflação. Ao mesmo tempo, meteorologistas afirmam ter enfrentado hostilidade pública e assédio, apesar das previsões cada vez mais precisas. Alguns atribuem isso à politização das mudanças climáticas e à disseminação de teorias da conspiração.

“Toda unidade da NOAA foi atingida por essas demissões indiscriminadas, equivocadas e mal planejadas”, disse Rick Spinrad, administrador do órgão durante o governo de Joe Biden. “Estamos entrando na temporada de tornados; a temporada de furacões não está muito longe. Ainda teremos algumas tempestades de inverno. Teremos enchentes, secas”, alertou sobre o impacto que o desligamento pode causar não somente nas previsões, mas também nos alertas que a instituição faz à população estadunidense. As 301 bilhões de previsões meteorológicas do órgão chegam a 96% dos lares americanos todos os anos.CBS e Axios também repercutiram as demissões no NOAA e os protestos contra o desligamento em massa.

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