Investimentos “verdes” europeus estão beneficiando empresas de combustíveis fósseis

Levantamento indica que cinco das maiores empresas poluidoras do Big Oil receberam US$ 18 bilhões de fundos com investimentos supostamente “verdes".  
19 de maio de 2025
investimentos verdes
Pete Kreiner | Cartoon movement via Voxeurop

Uma investigação conduzida por voxeurop e Guardian analisou dados do último trimestre de 2024 e revelou que os fundos “verdes” aplicaram US$ 33,5 bilhões em 37 empresas dos setores de petróleo e gás, contradizendo seus propósitos ambientais.

Entre os principais beneficiários estão as cinco maiores poluidoras do planeta: TotalEnergies, Shell, Exxon Mobil, Chevron e BP – que, juntas, receberam mais de US$18 bilhões de investimentos de fundos com nomes como “Sustainable Global Stars” e “Europe Climate Pathway”. A investigação também identificou aplicações em empresas controversas como a Devon Energy (fracking) e Suncor (areias betuminosas).

As principais gestoras envolvidas nesses investimentos são JP Morgan, BlackRock e a alemã DWS, que atuam dentro das regras atuais da União Europeia (UE) para finanças sustentáveis, mas enfrentam acusações de greenwashing. Enquanto os fundos argumentam que mantêm participações para influenciar as metas climáticas das empresas, um relatório da Carbon Tracker mostra que nenhuma grande petrolífera tem planos alinhados com os objetivos internacionais, com muitas até retrocedendo em seus compromissos ambientais.

Diante das revelações, a gestora de ativos Robeco anunciou que removerá o termo “sustentável” do nome de um de seus fundos, enquanto a BlackRock defendeu suas práticas afirmando cumprir todas as regulamentações. A Autoridade Europeia de Valores Mobiliários (ESMA, na sigla em Inglês) prepara novas diretrizes contra greenwashing, que entrarão em vigor em 21 de maio, exigindo maior transparência nos critérios de sustentabilidade.

Ativistas ambientais criticam veementemente a situação. “Investir em petroleiras sob o rótulo ‘verde’ é greenwashing puro”, afirmou Giorgia Ranzato, da Transport & Environment. Richard Heede, do Climate Accountability Institute, foi ainda mais contundente: “É diabólico canalizar bilhões para combustíveis fósseis quando precisamos acelerar as energias limpas”.

  • Em tempo: A organização ambiental holandesa Milieu Défensif anunciou que levará a Shell novamente aos tribunais para exigir a interrupção de 700 projetos de petróleo e gás em desenvolvimento, que continuam a aumentar as emissões de carbono. A ação ocorre após a petrolífera ter conseguido reverter uma decisão judicial anterior que determinava cortes em suas emissões, com o caso agora aguardando análise do Supremo Tribunal holandês. A ONG argumenta que, diante da crise climática, cada novo campo de combustível fóssil é inaceitável, e busca uma proibição judicial em vez de metas específicas. A Shell afirmou que a medida não aceleraria a transição energética, defendendo que a mudança requer colaboração entre governos, empresas e consumidores. Este é o mais recente capítulo de uma série de disputas legais envolvendo a empresa, que recentemente encerrou um processo contra o Greenpeace e evitou outra ação movida pela ClientEarth. A ação foi noticiada por AFP, Guardian, Inside Climate News e Wall Street Journal, entre outros.

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