Câmara aprova Lei do Mar após mais de 10 anos de tramitação

Mecanismo pretende proteger os ambientes marinhos e costeiros, integrando o cuidado com ecossistemas e populações.
28 de maio de 2025

Não é só de retrocessos ambientais e baixarias misóginas que o Congresso Nacional vive. A Câmara dos Deputados aprovou na 3a feira (27/5) o projeto de lei que institui a Política Nacional para a Gestão Integrada, a Conservação e o Uso Sustentável do Sistema Costeiro-Marinho (PNGCMar), conhecida como “Lei do Mar”, após 12 anos de tramitação e debates no Congresso. A proposta agora segue para análise final no Senado Federal, representando um avanço significativo na legislação ambiental brasileira ao criar um marco legal abrangente para a proteção dos ecossistemas costeiros e marinhos.

O relator, deputado Túlio Gadelha (Rede-PE) promoveu adaptações no texto original, incluindo a mudança do nome da política – que inicialmente se chamaria “Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro”, para uma denominação mais abrangente e integradora. O parlamentar enfatizou durante a votação o papel estratégico da nova legislação no enfrentamento à emergência climática, destacando que “os oceanos funcionam como verdadeiros termômetros planetários, absorvendo a maior parte do excesso de calor gerado pela atividade humana”, destacou a Folha.

O projeto estabelece uma “abordagem ecossistêmica” como método central de gestão ambiental, que prevê uma “visão holística” dos recursos naturais e o envolvimento de todos os atores relevantes, desde governos até comunidades locais.

Entre suas diretrizes fundamentais, como detalhou a Carta Capital, destacam-se o reconhecimento e a proteção dos Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais, a valorização dos territórios tradicionais pesqueiros, e a promoção da cooperação entre todos os níveis de governo, sociedade civil e setor privado, além da articulação com organizações internacionais.

A política ainda cria mecanismos específicos para garantir a sustentabilidade econômica das populações que dependem dos recursos costeiros e marinhos, articulando de forma inédita a preservação de seus ecossistemas com o desenvolvimento social das pessoas que com eles convivem – e, em alguns casos, tiram dele o seu sustento – e deverá ser subsidiada por um órgão colegiado de caráter consultivo, com composição a ser definida em regulamento e participação de entidades de pesquisa e da sociedade civil, sem prejuízo aos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente e da autoridade marítima. 

CBN, Poder 360, g1, Metrópoles, CNN Brasil, Economia em Pauta, entre outros, noticiaram o avanço da “Lei do Mar” rumo ao Senado.

  • Em tempo 1: A maré, porém, segue bastante agitada nos salões do poder em Brasília. Se a turma do agro e dos ogros pretendia intimidar a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) ao atacá-la covardemente nesta semana no Senado, eles se frustraram. Logo após deixar a audiência lamentável, Marina reuniu-se com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos/PB), dando início imediato às articulações para frear o avanço do PL 2.159/2021, aprovado na semana passada pelos senadores, como informou o Estadão. De acordo com Caio Junqueira, da CNN Brasil, a ministra conseguiu obter o sinal de que o projeto não seguirá adiante a toque de caixa, como desejavam principalmente os representantes da bancada ruralista. Ainda assim, a votação, inicialmente cogitada para ocorrer já na próxima semana, está agora prevista para acontecer ainda no primeiro semestre, antes do recesso parlamentar. A Agência Brasil também  reverberou o pedido da ministra para que o debate sobre o PL seja ampliado antes da votação.

  • Em tempo 2: Em entrevista ao Um Só Planeta, o climatologista Carlos Nobre entrou para o coro dos críticos ao marco do licenciamento aprovado no Senado. Segundo ele, trata-se de uma medida “típica do agronegócio” e contrária ao desenvolvimento sustentável, além de colocar em risco biomas como Amazônia, Caatinga e Cerrado. Nobre também falou sobre a importância da COP30 no Brasil. “A COP30 deve ser a mais importante para tratar dessa questão [a emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global], não podemos esperar até 2030 para zerar as emissões. E outra coisa, a ciência está mostrando que do jeito que estamos vendo a transição energética, se formos no ritmo lento que estamos tendo, no máximo em 2030 vamos ter evitado o aumento das emissões com uma redução de 3%. O risco de chegar acima de 2oC em 2050 é gigantesco, a ciência vem mostrando que pode chegar até a 2,5oC o que iria disparar um grande número de pontos de não retorno”, alertou.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar