As enchentes que atingiram a Austrália esta semana, deixando pelo menos cinco mortos e mais de 10 mil propriedades danificadas, foram agravadas pela crise climática, segundo cientistas. Autoridades descreveram o evento como uma das piores inundações dos últimos anos, com cidades inteiras submersas e infraestruturas essenciais destruídas, principalmente nas regiões de Mid-North Coast e Northern Rivers, no estado de New South Wales.
O fenômeno foi causado por chuvas torrenciais persistentes, que transbordaram rios e inundaram ruas, deixando carros submersos até os pára-brisas. Cerca de 50 mil pessoas ficaram isoladas no ápice das inundações. Meteorologistas explicaram que um sistema de baixa pressão estacionário, combinado com ventos úmidos e ar frio em altitude (condições exacerbadas pelo aquecimento global), gerou o desastre. Dados do Clima Meter indicam que esses padrões climáticos estão até 15% mais úmidos do que no passado.
O Climate Council, grupo de pesquisa australiano, ressaltou que tais desastres não podem mais ser considerados apenas “naturais”, informou o Independent. “Temos enfrentado enchentes consecutivas desde os incêndios de 2019-20. Isso é o que esperamos em um cenário de mudança climática, com comunidades em constante recuperação”, afirmou Andrew Gissing, da Natural Hazards Research Australia.
Em Taree, uma das cidades mais afetadas, choveu 427 mm em dois dias — o maior volume já registrado para maio. O primeiro-ministro Anthony Albanese, durante visita às áreas atingidas, reconheceu o aumento da frequência e intensidade desses eventos.
“Tragicamente, estamos vendo mais desastres climáticos extremos, mais frequentes e intensos”, disse o premiê. Ele admitiu que o custo de seguros residenciais tornou-se um desafio, mas destacou que o governo está em contato com o setor segurador para mitigar os impactos. Até o momento, de acordo com o Conselho Australiano de Seguros (ICA, na sigla em Inglês), as seguradoras já receberam 4.900 sinistros relacionados às inundações que afetam as comunidades atingidas desde o último dia 17/5.
Segundo a Reuters, Albanese também afirmou que as enchentes no sudeste do país representam ”desafios enormes” quando se pensa em reconstrução. “Isso não é algo que vai desaparecer em questão de dias, semanas ou mesmo meses”, afirmou.
Cientistas alertam há anos que a costa leste da Austrália está mais vulnerável a chuvas extremas e inundações, fenômenos amplificados pelo aquecimento das águas do Mar da Tasmânia. Com o agravamento da crise climática, eventos como esses devem se tornar ainda mais frequentes, pressionando comunidades e infraestruturas já fragilizadas por desastres anteriores.ABC, Guardian e Sky News, entre outros, trataram das grandes inundações que atingiram a Austrália esta semana.
