
Ana Toni, CEO da COP30, destacou em entrevista à CNN Brasil que a adaptação climática oferece um “mundo de oportunidades” para o setor privado, com potencial de negócios em áreas como agricultura, infraestrutura e seguros. Ela citou exemplos como sementes mais resilientes, sistemas de irrigação avançados, infraestrutura resistente a desastres e novos produtos financeiros para cobertura de riscos climáticos. “O setor privado ainda não vê oportunidades de negócios na adaptação. Ele pensa muito em mitigação […] Mas a gente já está no momento de adaptação”, afirmou.
Ana enfatizou que as empresas precisam agir rapidamente, pois a inação pode gerar prejuízos significativos. “O custo da inação pode ter um prejuízo muito grande para as próprias empresas […] Isso é um grande novo ‘business’ que está surgindo no mundo inteiro”, disse. Toni tem razão. Estudo recente do WRI mostrou que cada dólar aplicado em resiliência climática pode render mais de US$ 10 em benefícios ao longo de uma década, um retorno mais de dez vezes maior que o investimento inicial.
Toni também alertou para o impacto social das mudanças climáticas. “A mudança do clima é um acelerador de pobreza e desigualdade”, afirmou. A executiva criticou ainda o projeto de lei que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 2159/2021), aprovado pelo Senado em maio, afirmando que é um sinal oposto do esperado e pode gerar “incertezas legais”, apesar de ter como objetivo alegado a desburocratização dos licenciamentos.
A CEO da COP30 também defendeu que a conferência em Belém será crucial para mostrar a dimensão real da crise climática. A escolha de uma cidade amazônica, diretamente impactada por esses desafios, visa destacar a urgência de soluções práticas e lucrativas, incentivando o setor privado a investir em inovação e resiliência.
O desafio da adaptação tem recebido contornos institucionalizados em preparação para a Conferência com a construção do Plano Clima, destaca o Valor. Com aprovação prevista para setembro, o Plano atenderá a um considerável guarda-chuvas de necessidades, como aprimoramento da adaptação climática em 350 municípios prioritários, redução em 30% do risco de extinção de espécies até 2032, recuperação de 30 mil hectares de restinga, divulgação até 2026 da lista de cidades costeiras mais vulneráveis a inundações e erosão, e instituição de uma política de combate ao racismo ambiental até 2027.
UOL, Economia em pauta, CNN Brasil, entre outros, repercutiram as palavras de Ana Toni.
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Em tempo 1: Em nota técnica obtida pelo Valor, o Observatório do Clima defende a criação de um fundo nacional específico para adaptação climática, destacando que o atual Fundo Clima, com R$ 24,2 bilhões em 2025, prioriza projetos de mitigação e opera majoritariamente via empréstimos — o que dificulta o acesso de municípios menores. Entregue ao Ministério do Meio Ambiente, o texto critica o desequilíbrio na alocação de recursos, com a maioria dos recursos indo para grandes empreendimentos. O documento alerta ainda que "o orçamento público e mesmo os recursos extraorçamentários não têm sido suficientes" para lidar com os desafios da adaptação, exigindo fontes estáveis de financiamento.
Em tempo 2: Thiago Barral, secretário de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), deixará o cargo para assumir a coordenação de energia da COP30, a convite do embaixador André Corrêa do Lago, com aval do ministro Alexandre Silveira. Reconhecido internacionalmente por sua atuação em fóruns como AIE e Irena, Barral liderou no MME temas como eólicas offshore, hidrogênio verde, modernização do setor elétrico e políticas para data centers e armazenamento de energia. Folha e CNN deram a notícia.