Exploração de fósseis na Rússia ameaçada pelo derretimento do permafrost

Rússia

A Rússia ratificou o Acordo de Paris na semana passada, surpreendendo muita gente. Achava-se que a Rússia era um dos países que poderiam sair no lucro com o aquecimento global e a abertura dos mares árticos para a navegação e a exploração das ricas jazidas de petróleo e gás.

Segundo Julian Lee, da Bloomberg, o presidente Putin pode estar preocupado com o derretimento do permafrost, a camada gelada de terra que ocupa uma vasta extensão da Sibéria.

Se o mundo está preocupado com as monumentais emissões de dióxido de carbono e de metano presos no gelo, a Rússia vê, alarmada, os danos à infraestrutura de exploração dos fósseis. Até há pouco, o passar das estações derretia e congelava a camada superficial do permafrost. Para manter a estabilidade de plataformas petrolíferas, dos dutos de transporte e suas estações de bombeamento, os russos se precaveram instalando fundações profundas. Só que o aquecimento global está derretendo mais permafrost e evitando que o congelamento seja tão extenso. Resultado: ameaças sérias à estabilidade da infraestrutura. No porto de Novyy, por exemplo, as fundações perderam 20% da sua capacidade desde os anos 80.

A ciência entende que, mesmo mantendo o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C, parte do permafrost será afetada irreversivelmente. Putin talvez tenha se dado conta que o prejuízo será tão maior quanto mais a temperatura do planeta se elevar.

 

ClimaInfo, 30 de setembro de 2019.

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