Consultora da Shell pede demissão e denuncia “jogo duplo” em metas climáticas

Shell metas climáticas
Jason Alden/Bloomberg /Getty

Uma consultora sênior de segurança deixou de atender a Shell nesta semana acusando a petroleira de “desconsiderar os riscos da mudança climática” e de causar “danos extremos” ao clima global. A executiva Caroline Dennett trabalha para a consultoria Clout e prestava serviços à Shell desde 2011. Em uma carta publicada em sua conta no LinkedIn, acompanhada de vídeo, Dennett reclamou que se cansou do “jogo duplo” realizado pela empresa na discussão sobre clima.

“Eles sabem que a extração contínua de petróleo e gás causa danos extremos ao nosso clima, ao meio ambiente e às pessoas. E não importa o que digam, a Shell simplesmente não está diminuindo [a produção] de combustíveis fósseis”, disse Dennett. Ao Guardian, a consultora afirmou que não conseguia mais “suportar essa situação” e que estava pronta para sofrer as consequências – isso porque a Shell era uma das principais clientes da consultoria onde Dennett atua, com foco na avaliação de procedimentos de segurança em atividades de alto risco, como a exploração de petróleo e gás. “Não posso trabalhar para uma empresa que ignora todos os alarmes e descarta os riscos das mudanças climáticas e do colapso ecológico”.

No ano passado, a justiça dos Países Baixos considerou que a Shell tem responsabilidade legal sobre o aquecimento do planeta e determinou que a empresa elaborasse uma proposta para reduzir suas emissões em 45% até 2030 em relação aos níveis de 2019. Em resposta, a petroleira transferiu sua sede para o Reino Unido, onde também foi processada por ativistas climáticos por não se preparar adequadamente para reduzir suas emissões e atingir a neutralidade líquida até 2050.

Climate Home, Independent e Vox também repercutiram a denúncia da ex-consultora da Shell contra a política climática da empresa.

Em tempo: O banco HSBC suspendeu um executivo sênior que foi gravado afirmando que os alertas sobre a gravidade da crise climática são “infundados”. Stuart Kirk, que era chefe de investimento responsável da instituição há quase um ano, teria minimizado a necessidade de os investidores considerarem o risco climático em seus investimentos e reclamado de ter que gastar tempo “observando algo que vai acontecer em 20 ou 30 anos”. Até mesmo o CEO do HSBC, Noel Quinn, denunciou publicamente a afirmação de seu executivo, dizendo que ela não refletia a opinião do banco sobre a crise climática. BBC, Bloomberg, Financial Times, Guardian e Wall Street Journal, entre outros, destacaram a notícia.

 

ClimaInfo, 24 de maio de 2022.

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