- As emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs) seguem crescendo de 2% a 4%, a cada ano. Em 2015, a ciência já indicava a necessidade de uma redução anual de 7%, a partir de 2020, para zerar as emissões até 2050, limitando o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2°C.
- Atualmente, o aquecimento global está em 1,1°C, e o mundo tem a temperatura média mais quente dos últimos 100 mil anos.
- Há cem anos, a concentração de CO₂ na atmosfera era de 280 partes por milhão (ppm) e, hoje, é 414 ppm – uma elevação de 66%.
- 30% das emissões globais estão associadas à produção de alimentos; e 83% provêm diretamente da queima de combustíveis fósseis.
- As emissões brasileiras provêm, principalmente, da mudanças no uso do solo (44%); do setor agropecuário (28%) e da produção de energia (19%).
- O último relatório do IPCC demonstra que limitar o aquecimento a 2°C é impossível com as emissões cumulativas já realizadas pela humanidade.
- Segundo os cientistas, o futuro mais provável é um aumento médio da temperatura global da ordem de 3,2°C.
Destaques da aula
Duração
Professor(a)s
O relatório Mudanças Climáticas 2022 – Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, divulgado em fevereiro pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), aponta que a crise climática é real e, em parte, irreversível. O tema é debatido, com produção científica embasando as discussões, desde 1972, quando foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, também conhecida como Conferência de Estocolmo. Ainda assim, as emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs) seguem crescendo de 2% a 4% anualmente.
Nem mesmo o Acordo de Paris, assinado em 2015, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 21), por 195 países-membro da Organização das Nações Unidas (ONU), fez com que o comportamento da humanidade fosse modificado de forma efetiva. O texto já destacava a necessidade de uma redução nas emissões em 7% ao ano, a partir de 2020, a fim de zerar as emissões em 2050, mas, apesar dos alertas, o mundo está indo na direção oposta.
Atualmente, o aquecimento global já está em 1,1°C (na comparação com o período pré-industrial), e o mundo tem a temperatura média mais quente dos últimos 100 mil anos. Este aquecimento resulta de um modelo de desenvolvimento baseado extensivamente no uso não sustentável dos recursos naturais e da emissão de GEE para produção de bens de consumo, energia, alimentos, entre outros. Há cem anos, a concentração de CO₂ na atmosfera era de 280 partes por milhão (ppm) e, hoje, é 414 ppm – uma elevação de 66%.
As emissões globais estão 30% associadas à produção de alimentos; 83% delas provêm diretamente da queima de combustíveis fósseis.
No Brasil, as emissões são 44% provenientes de mudanças no uso do solo, o que inclui o desmatamento dos biomas, especialmente da Amazônia. Outros 28% são gerados pelo setor agropecuário, e 19% estão associados com à produção de energia. Essa composição apresenta uma vantagem estratégica para o país, que poderia reduzir em 44% as emissões sem mudanças drásticas no modelo de desenvolvimento e com benefícios adicionais para a economia e a sociedade.
O país já demonstrou que essa mudança é possível, quando reduziu o desmatamento na Amazônia de 28 mil km² para 4 mil km² ao ano, entre 2003 a 2013. Atualmente, a destruição da floresta voltou a aumentar e está em 13 mil km² anuais.
Para enfrentar globalmente a questão das mudanças climáticas, a ONU definiu também os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), que englobam 169 metas em diferentes frentes, passando por energia, clima, água, biodiversidade, redução da pobreza, consumo e produção responsáveis, modelos de produção, entre outros.
Contudo, todos os esforços diplomáticos seguem sem resultados efetivos. O último relatório do IPCC demonstra que limitar o aquecimento global a 2 °C é impossível com as emissões cumulativas já realizadas pela humanidade. As possibilidades reais vão de um cenário onde não há mudanças nas emissões, chegando-se a um aquecimento de 4,3°C, até um panorama em que o Acordo de Paris é cumprido à risca, e o planeta aquece 2,8°C.
Segundo os cientistas, o futuro mais provável é o de um aumento médio da temperatura global da ordem de 3,2°C, o que resultará em elevação dos níveis dos oceanos, acidificação das águas, mudança nos regimes de chuvas, aumento em frequência e intensidade dos eventos extremos, entre outros impactos. Se considerarmos apenas as áreas continentais, a elevação da temperatura será de, em média, 4,2 °C. Nos ambientes urbanos, a elevação chegará a 5,6°C.
No Brasil, a probabilidade frente a esse cenário é a de um clima mais seco, o que pode impactar a produção agrícola e a geração de hidroeletricidade. Outra vulnerabilidade importante do país envolve os oito mil quilômetros de costa marinha, devido à elevação do nível do mar.
É urgente e necessário olhar para esse cenário bastante provável e pensar em medidas de mitigação que protejam os ecossistemas e, principalmente, as cidades, onde vivem 80% da população mundial.
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Apostila “Entenda as mudanças Climáticas”
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