Bradesco diz que plano dos bancos para a Amazônia é “mais estruturante” que proposta do governo

Bradesco

O projeto de Ricardo Salles para incentivar a participação da iniciativa privada na conservação florestal na Amazônia parece não ter impressionado um dos maiores bancos privados do país. De acordo com o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, a proposta desenvolvida por seu banco em parceria com o Itaú-Unibanco e o Santander Brasil para ajudar na promoção do desenvolvimento na Amazônia “é muito mais estruturante do que isso”.

De acordo com o Valor, o Conselho da Amazônia está trabalhando em uma carta a ser enviada aos cinco maiores bancos do país – os três privados, mais o Banco do Brasil e a Caixa – para convencê-los a investir e manter pelo menos um Parque Nacional, cada um. Em resposta, Lazari afirmou que os bancos não descartam participar dessa iniciativa, mas que a proposta das instituições para a Amazônia é mais substancial, e mencionou o incentivo a culturas agrícolas típicas da região como um exemplo de medida estruturante prevista pelo bancos.

Ao mesmo tempo, o governo está trabalhando para acelerar o pagamento de indenizações a proprietários que vivem em Áreas de Conservação, um passivo de cerca de R$ 16 bilhões acumulado nas últimas décadas. A União pagou R$ 21 milhões em indenizações em 2020, e a meta até o final do ano é se chegar a R$ 51 milhões no total.

Em tempo: Um grupo de organizações ambientalistas recorreu ao STF para ser ouvido na Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) movida pelo governo federal para declarar nulos dispositivos do Código Florestal e da Lei da Mata Atlântica. Em junho, Salles revogou o ato administrativo que tinha modificado o entendimento do Ibama sobre infrações na Mata Atlântica, passando por cima da Lei da Mata Atlântica, que determina que ações como desmatamento e queimadas nesse bioma cometidos sem autorização a partir de 1993 devem ser compensadas com a recuperação da área afetada e o pagamento de multa. O governo defende que, nesse ponto, o Código Florestal deve ser aplicado, o que resultaria numa “anistia” às violações cometidas na Mata Atlântica entre 1993 e 2008.

 

ClimaInfo, 31 de julho de 2020.

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