O ministro Ricardo Salles foi forçado a recuar da alteração da meta de redução do desmatamento e das queimadas ilegais em 90% até 2023, previsto no Plano Plurianual (PPA) do governo federal. Como comentamos ontem, Salles queria trocar a meta pela garantia de preservação de apenas uma área específica de 390 mil hectares na Amazônia por meio do Programa Floresta+ Amazônia.
De acordo com o Estadão, o Ministério da Economia confirmou que a pasta do Meio Ambiente não pretende mais mudar a meta de desmatamento em todos os biomas, mas pede o envolvimento de outros ministérios em ações de controle, como agricultura, justiça e defesa. Ao longo do dia, Salles tentou responder às críticas, dizendo que a proposta ajudaria a viabilizar a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030, conforme previsto na NDC brasileira para o Acordo de Paris. No entanto, debaixo de críticas de dentro e fora do governo, o ministro recuou.
A tentativa de Salles de reduzir as metas de desmatamento comprometeu ainda mais a imagem do Brasil e deixa o país mais ainda mais exposto à críticas internacionais. O Globo Rural destacou a avaliação de Eugênio Pantoja, do IPAM, quem disse que a manobra “desconsidera uma estratégia nacional de desenvolvimento e proteção do país em detrimento de alguns setores”, especialmente aqueles relacionados à grilagem, ao desmatamento e às queimadas ilegais.
Em sua coluna n’O Globo, Míriam Leitão levantou a questão e destacou o levantamento feito pela Veja sobre os maiores desmatadores do Brasil: “Quem ganha com o abandono da meta de reduzir o desmatamento e as queimadas ilegais? Esse empresário, que joga agrotóxico para matar as árvores antes de queimá-las, ganha. Não é o único, a revista dá a lista dos 10 maiores. No Pará, Amapá e Mato Grosso. Quem perde? O resto da sociedade brasileira”.
Em tempo: Salles se encontrou nesta 4ª feira (5/8) com garimpeiros na cidade de Jacareacanga, no Pará, em viagem que não estava programada em sua agenda. De acordo com O Globo, o ministro conversou com garimpeiros que se autodeclararam indígenas da etnia Munduruku, que pediram o fim de operações do Ibama contra o garimpo ilegal na região. Em resposta, Salles defendeu que indígenas atuem no garimpo em suas terras. O “Fiscal do Ibama” postou no Twitter um dos vídeos gravados no encontro, que exibe a fala do ministro do meio ambiente defendendo garimpo em Terra Indígena.
ClimaInfo, 6 de agosto de 2020.
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