Corte holandesa decidirá se Shell tem responsabilidade legal pela mudança do clima

Shell

Um tribunal de justiça dos Países Baixos deve definir nesta 4ª feira (26/5) se a petroleira Shell tem responsabilidade legal pela mudança do clima. A ação foi movida pela ONG Milieudefensie, braço holandês da rede internacional Friends of the Earth, que acusa a Shell de violar os Direitos Humanos ao produzir combustíveis fósseis e impedir o cumprimento do objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global em 1,5°C neste século. Ainda que o veredito tenha implicação legal apenas nos Países Baixos, ativistas climáticos e advogados de petroleiras mundo afora entendem que ele pode abrir um novo capítulo para a litigância climática, com as empresas de petróleo sendo forçadas juridicamente a reduzir o impacto climático de seus negócios, produtos e serviços. A Bloomberg deu mais detalhes.

Do outro lado do Atlântico, a petroleira norte-americana ExxonMobil segue experimentando dias tensos antes da reunião anual de seus acionistas. De acordo com a Reuters, a BlackRock, maior gestora de investimentos do mundo e 2ª maior acionista da empresa, pretende apoiar a proposta apresentada pelo grupo de acionistas-ativistas Engine N. 1 para modificar o conselho diretor da Exxon, com a inclusão de nomes alinhados com as preocupações climáticas do grupo. A decisão da BlackRock sinaliza a complexidade da tarefa do CEO da Exxon, Darren Woods, de aplacar a ira de seus acionistas com relação à falta de ambição dos compromissos climáticos da empresa. Axios, Independent, NY Times e Wall Street Journal repercutiram os lances mais recentes no tabuleiro corporativo do clima na ExxonMobil.

Em tempo: O chamado da Agência Internacional de Energia (IEA) para os países interromperem novos projetos de energia fóssil para viabilizar a neutralidade do carbono até 2050 está sendo ignorado por muitos governos. Segundo a Reuters, o relatório da IEA não foi recebido com entusiasmo nem pelos países que se colocam como lideranças globais na transição para o baixo carbono (como Reino Unido, Noruega e EUA). O caso do Reino Unido chama a atenção: anfitrião da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26) e um dos principais defensores da intensificação dos cortes de emissão de carbono, o governo britânico confirmou que não pretende acabar com novos projetos de exploração de petróleo no Mar do Norte.

 

ClimaInfo, 26 de maio de 2021.

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