EUA e Rússia superam tensões e prometem “atuar juntos” contra crise climática

EUA Rússia cooperação climática

Enquanto os EUA batem cabeça para definir como abordar a questão climática com a China, o governo Biden conseguiu aliviar as tensões com outro rival global, a Rússia. Em visita a Moscou nesta 2ª feira (12/7), o enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, conversou com o ministro russo do exterior, Sergei Lavrov, e anunciou que os dois países se comprometeram a “atuar juntos” para avançar com as negociações climáticas internacionais antes da Conferência de Glasgow (COP26), em novembro.

O tom cordial na questão climática é uma exceção: em outros tópicos, norte-americanos e russos conservam divergências e tensões significativas. Para Kerry, a urgência da crise climática é o diferencial para a cooperação com a Rússia. “Essa questão é muito importante, muito significativa, e precisamos trabalhar juntos”. Já Lavrov celebrou o diálogo bilateral sobre o clima e a expectativa de uma “cooperação estreita” com os EUA nessa agenda. Associated Press e Financial Times repercutiram o encontro.

Certamente, a situação climática dos dois países não fugiu à mente dos diplomatas em Moscou. Junto com o sudoeste do Canadá, a porção ocidental dos EUA atravessa uma onda histórica de calor nas últimas semanas, com recordes de temperatura alta e incêndios florestais. No estado do Oregon, um incêndio massivo consumiu mais de 61 mil hectares da Floresta Nacional de Fremont-Winema. O fogo causou a queda de torres de transmissão de energia, afetando o fornecimento de eletricidade na Califórnia. Cerca de mil brigadistas foram convocados para o combate às chamas.

Para evitar um colapso elétrico, o governo da Califórnia permitiu o uso emergencial de motores auxiliares de navios para aumentar a capacidade de energia da rede estadual. Outro problema é a demanda crescente de energia em estados menores que também sofrem com o calor, como Nevada e Arizona, o que também acaba restringindo o fornecimento de energia para os consumidores californianos. BBC, Bloomberg, Reuters, Wall Street Journal e Washington Post deram mais detalhes.

A Rússia também vem sofrendo com o forte calor neste começo de verão. Na região de Chelyabinsk, nos Montes Urais, um incêndio se espalhou por mais de 14 mil hectares de floresta, matando uma pessoa e destruindo dezenas de casas. Centenas de moradores foram retirados de suas residências para escapar do fogo descontrolado. Em Moscou, os termômetros devem chegar aos 35°C, com potencial de quebrar recordes históricos. No mês passado, a capital russa registrou o dia mais quente para junho em 142 anos de levantamento meteorológico, ao atingir 34,8°C.

A situação também é dramática no norte da Rússia. À Folha, o ministério de recursos naturais do país confirmou que o degelo acentuado do permafrost (camada subterrânea de gelo, característica no Ártico) comprometeu mais de 40% das fundações de edifícios e estruturas. Cidades russas como Yakutsk, com 300 mil habitantes, podem simplesmente desaparecer nas próximas décadas, engolidas por uma gigantesca poça de lama.

 

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ClimaInfo, 13 de julho de 2021.

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