COP27: Egito quer priorizar ajuda à África na transição energética

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O Ocidente está mal posicionado rumo às próximas negociações climáticas, e o Egito, anfitrião da COP27, quer destacar isto. O país fez uma defesa contundente do direito dos países africanos de explorar seu potencial de energia fóssil, reportou a Bloomberg.

Os egípcios são os líderes em expansão de energia solar no continente e poderiam ajudar a avançar a agenda de transição. Como os países ricos não conseguiram chegar a um acordo para o financiamento climático na COP de Glasgow, a prioridade será a ajuda aos países africanos, ainda que em contextos específicos, como o da transição energética.

“As nações africanas ainda são pobres. Agora que temos uma oportunidade, você nos diz: ‘Não, não a explore’. O que você quer dizer com não explorar? Se você quer assim, então cabe aos ricos dar aos pobres”, disse o presidente Abdel-Fattah El-Sisi, em uma conferência de energia no Cairo na segunda-feira (14/2). Os países ricos prometeram e nunca cumpriram dar ao menos 100 bilhões de dólares ao ano às nações mais vulneráveis para fins de mitigação e adaptação aos impactos das mudanças climáticas.

Nos próximos dias, negociações entre a União Europeia e a União Africana podem gerar acordos bilaterais nos moldes do acordo com África do Sul para o abandono do carvão. O Político apurou que o nível de confiança entre as partes poderia ser maior, com muitos especialistas questionando a necessidade de novos tratados quando já existem infraestruturas de financiamento climático internacionais capazes de realizar a tarefa. Concentrar-se muito nos investimentos em energia limpa, ignorando a necessidade de ajudar com os impactos climáticos “seria realmente, realmente louco”, disse ao Político Laurence Tubiana, uma das idealizadoras do Acordo de Paris.

Em tempo: Apenas três meses após a COP26, o Reino Unido já vacila em suas promessas climáticas, em meio à alta do preço da energia e à “guerra cultural” contra planos net-zero, reportam Independente e The Guardian. A Alemanha poderia ocupar este flanco na liderança climática na Europa, não fosse seu vício em gás, comenta artigo do Climate Home News.

Em tempo 2: O Exército dos EUA lançou sua estratégia climática. O plano visa cortar as emissões do Exército pela metade até 2030, eletrificar todos os veículos que não sejam de combate até 2035 e desenvolver veículos de combate elétricos até 2050, diz o Washington Post. Os EUA também querem treinar seus oficiais para um mundo mais quente e caótico. A medida atende a preocupações de vários setores da política dos EUA sobre os riscos climáticos para a segurança do país.

 

ClimaInfo, 16 de fevereiro de 2022.

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