Diplomacia climática global: entre a urgência da crise e as distrações do dia-a-dia

Diplomacia Climática
AP/Alastair Grant

Passaram-se apenas seis meses da Conferência do Clima de Glasgow (COP26), mas parece que o tempo transcorrido de lá pra cá foi muito, mas muito maior. O mundo mudou muito nesses seis meses, e o impacto de muitas dessas mudanças ainda é incerto, visto que estamos no meio da tempestade perfeita de crise econômica, guerras e ameaças geopolíticas. No entanto, a crise climática não nos deu canja nesse período, pelo contrário: ela está cada vez mais em nosso cotidiano, refletida na sucessão sem fim de eventos climáticos extremos.

Infelizmente, para muitos governos, os acontecimentos dos últimos meses acabaram deixando a questão climática em segundo plano, a despeito das tragédias que se acumulam nessa seara. Em vez de metas de energia renovável, agora os líderes políticos querem facilitar a produção de combustíveis fósseis. No lugar de tecnologias para reduzir as emissões e capturar e armazenar o carbono, o foco está em uma nova corrida armamentista; em vez de cooperação em prol da ação climática, ressuscita-se o fantasma da guerra nuclear.

Como observou Rachel Kyte, veterana das negociações climáticas da ONU, no site The Conversation, será importante observar como o mundo caminhará nos próximos meses para termos uma perspectiva mais clara do que poderá ser a diplomacia climática depois de 2022. Primeiro, como os países encaixarão suas demandas de segurança energética com a adoção de fontes renováveis. Segundo, como a questão climática se refletirá no debate corporativo, especialmente no que diz respeito a critérios de sustentabilidade para investimentos e negócios e a integridade de compromissos net-zero. E, por fim, como o clima se fará presente na agenda eleitoral em diversos países, como o Brasil: uma vitória de defensores da ação climática pode significar uma retomada do protagonismo do país nessa agenda depois do desastre político vivido sob o atual presidente.

 

ClimaInfo, 13 de maio de 2022.

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