Diplomacia climática: presidente da COP26 se candidata ao comando da UNFCCC

diplomacia climática Alok Sharma
Ben Stansall/AFP/Getty Images

Com a saída de Patrícia Espinosa do cargo de secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), programada para o próximo mês, a corrida pela sucessão já começou. De acordo com o Guardian, um primeiro candidato é o atual presidente das negociações climáticas da ONU, o parlamentar britânico Alok Sharma, que chefiou a Conferência de Glasgow (COP26) em novembro passado.

A trajetória de Sharma nos labirintos da diplomacia climática tem sido curiosa. No começo, a falta de traquejo e de peso político dentro do Reino Unido colocavam em xeque as credenciais dele para a presidência da COP26. A pandemia veio em 2020 e acabou adiando por um ano as negociações propriamente ditas, o que pode ter beneficiado Sharma. Nos meses que antecederam o encontro de Glasgow, ele percorreu o mundo tentando alinhar os esforços para a Conferência. Ao final, mesmo com um susto ou outro, Sharma foi reconhecido por diplomatas e observadores como um presidente inteligente, paciente e efetivo.

No entanto, o nome de Sharma está longe de ser um consenso. Alguns países entendem que, depois de duas latino-americanas (a mexicana Espinosa e a costarriquenha Christiana Figueres), chegou a hora de termos um nome alternativo de áreas vulneráveis à crise climática na África ou na Ásia. O gênero do futuro secretário-executivo da UNFCCC também está em debate: em um ambiente repleto de homens brancos, a presença de uma mulher não branca no comando das negociações climáticas seria importante sob a ótica da Justiça Climática.

Seja quem for, a próxima pessoa a assumir a UNFCCC terá um desafio notável: dar o pontapé inicial da implementação do Acordo de Paris, com o primeiro ciclo formal de revisão dos compromissos nacionais de mitigação. Ao mesmo tempo, essa pessoa também precisará ter força política para cobrar promessas antigas ainda não cumpridas pelos países, especialmente os mais ricos, como o financiamento de US$ 100 bilhões anuais para ação climática nos países pobres. Vale a pena conferir o raio-X feito pela BBC Brasil com as promessas e as ações tomadas pelos países desde a Conferência de Glasgow.

 

ClimaInfo, 9 de junho de 2022.

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