Diplomacia climática: fracasso do G7 dificulta negociações para a COP27

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Liesa Johannssen-Koppitz/Bloomberg

O resultado frustrante da cúpula do G7 na Alemanha na questão climática é mais um tijolo no caminho acidentado que os países terão que percorrer nos próximos meses até a Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27), em novembro.

Como Jess Shankleman observou na Bloomberg, o fato das sete economias mais ricas terem recuado de diversos compromissos na agenda do clima dificulta tremendamente a possibilidade de novos objetivos e ações climáticas mais ambiciosas na COP.

“O chanceler [Olaf] Scholz [da Alemanha] não conseguiu mobilizar novos compromissos climáticos dos líderes do G7, deixando uma enorme lacuna para eles preencherem nos próximos quatro meses para terem credibilidade na COP27”, comentou Alex Scott, do think tank E3G.

A reportagem lembrou também que, até agora, nenhum país do grupo apresentou uma revisão de suas metas nacionais sob o Acordo de Paris, medida vista como necessária por negociadores e observadores para impulsionar as conversas no Egito e facilitar o entendimento entre os governos. Da mesma forma, ninguém mexeu uma palha na oferta de novos recursos para financiamento climático aos países pobres.

Por falar na COP, o Guardian destacou a irritação de ativistas climáticos e ambientalistas com a conduta do governo egípcio na liberação de manifestações de rua durante a Conferência. Enquanto as autoridades do país garantem que permitirão protestos populares, grupos locais seguem sendo perseguidos e reprimidos pelo governo militar de Abdel Fatah al-Sisi. A desconfiança é grande, com muitos ativistas criticando o fato da ONU ter dado ao Egito a presidência da COP em um momento importante para a implementação do Acordo de Paris.

“O movimento climático internacional não deve fazer parte desse greenwashing e acobertamento”, criticou Naomi Klein, autora norte-americana, citando o caso do ativista Abd El Fattah, opositor ao governo el-Sisi preso há três anos em uma prisão de segurança máxima. “Agora é hora de pressionar todos os governos a usar sua influência para exigir a liberação de prisioneiros políticos, começando por El Fattah. Sem essas concessões, a COP27 fará mais mal do que bem [para o Egito]”.

Em tempo: Enquanto os governos nacionais seguem no vai-e-vem entre promessas ambiciosas e ações decepcionantes, alguns líderes subnacionais querem abrir espaço para dar protagonismo aos governos estaduais, regionais e municipais no debate climático. “Houve um contraste real em Glasgow [na COP26] entre a energia e a inovação do setor privado, das cidades e dos prefeitos em comparação com a obstrução, a hesitação e o atraso dentro das salas de negociação na maioria dos governos nacionais, particularmente no Norte Global”, comentou o prefeito de Londres, Sadiq Khan, ao NY Times. “O que precisamos nas próximas COPs é que a ONU e os governos nacionais abandonem o monopólio que detêm e tragam outros atores que possam apoiar-lhes naquilo que precisam. Acho que podemos chegar ao net-zero até 2050 e facilmente ficar abaixo de 1,5ºC de aquecimento se os prefeitos e os cidadãos das cidades tiverem poderes para desempenhar um papel nas futuras COPs, para que não sejam apenas observadores”.

 

ClimaInfo, 30 de junho de 2022.

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