EUA: democratas enfrentam drama de última hora antes de votar pacote climático

Biden agenda climática
Al Drago/Bloomberg

O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, passou meses em negociações com seu correligionário Joe Manchin em torno de um amplo pacote de medidas para ajudar a economia dos EUA, que inclui também investimentos importantes para a ação climática. A novela foi longa, com inúmeros acidentes no percurso, mas caminhou para um final surpreendente na semana passada, quando os dois senadores anunciaram um acordo.

Parecia que, passada essa fase, os democratas finalmente teriam todos os seus 48 senadores (mais dois independentes) como votos favoráveis à proposta, tendo a vice-presidente Kamala Harris, na condição de presidente do Senado, como voto de desempate. O problema é que nem todos os senadores democratas estão claramente a favor do pacote. A última dúvida tem nome, sobrenome e uma lista de polêmicas recentes com os democratas: Kyrsten Sinema, senadora pelo estado conservador do Arizona.

O Washington Post destacou a correria entre os democratas no Senado norte-americano para aplacar eventuais dúvidas de Sinema com a proposta. Entre os democratas à esquerda, a incerteza quanto ao voto da senadora adiciona mais uma bronca com sua conduta recente no Congresso. Outrora vista como nome progressista dentro do partido, Sinema se notabilizou nos últimos anos por uma postura mais cautelosa com relação a projetos importantes do governo de Joe Biden. Junto com Manchin, ela inviabilizou a aprovação do plano Build Back Better, vendido pela Casa Branca como um New Deal pós-pandemia que também contemplava partes da proposta mais ambiciosa do Green New Deal defendido pela esquerda democrata.

Independente da definição de Sinema, os democratas pretendem colocar a proposta em votação no Senado nos próximos dias. Segundo o site POLITICO, o cálculo de Schumer é de que a pressão dos democratas do Arizona sobre a colega de Senado será suficiente para garantir seu voto favorável ao pacote climático. Outro ponto é o lobby de Manchin, aliado de Sinema entre os democratas moderados, em favor do acordo.

Mas alguns já “colocaram a barba de molho” por antecipação: no Guardian, Oliver Milman criticou a ambiguidade e a incerteza pública de Sinema sobre a proposta. “Ela parece muito mais interessada em trabalhar em prol dos interesses de seus doadores corporativos do que das pessoas que ela deveria representar”, lamentou o cientista Michael Mann, da Penn State University. “Espero que minhas suspeitas sejam comprovadas como erradas.”

 

ClimaInfo, 4 de agosto de 2022.

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