Colômbia: novo presidente quer trocar pagamento de dívida externa por recursos para proteger a Amazônia

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Recém-empossado presidente da Colômbia, Gustavo Petro quer avançar na questão do financiamento internacional para proteção do meio ambiente e ação contra a mudança do clima.

Além de medidas domésticas ambiciosas, como a suspensão de novos projetos de exploração de petróleo e gás no país, o novo líder colombiano está encampando uma proposta recente, mas ainda marginal, apresentada por alguns países em desenvolvimento nos últimos anos: a troca do pagamento da dívida externa dessas nações com o mundo desenvolvido por recursos para ação climática.

A proposta é vista por alguns analistas como uma alternativa direta para destravar o financiamento climático internacional. Os países desenvolvidos ainda não cumpriram sua promessa de destinar pelo menos US$ 100 bilhões anuais para medidas de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento, e as perspectivas para que esse montante se viabilize são incertas por conta da instabilidade político-econômica pós-pandemia. Ao mesmo tempo, a intensificação de eventos extremos torna a questão do financiamento ainda mais central na pauta política das nações pobres, que dependem desses recursos para tirar seus compromissos climáticos do papel e se protegerem dos piores impactos da mudança do clima. O Climate Home repercutiu a proposta de Petro.

Enquanto isso, na África, os governos dos Estados Unidos e da República Democrática do Congo anunciaram nesta semana a criação de um grupo de trabalho para negociar pontos de um acordo bilateral para proteção das florestas tropicais e das turfeiras da bacia do Congo.

Em visita à Kinshasa, o secretário de estado norte-americano, Antony Blinken, ressaltou que os EUA enxergam com preocupação o projeto da RDC de liberação da exploração de petróleo na região, que incluem blocos dentro do Parque Nacional de Virunga, primeira área de conservação da África e Patrimônio Mundial da UNESCO. Bloomberg, Guardian e NY Times repercutiram a notícia.

O possível acordo entre EUA e RDC é visto por outros países africanos como um caminho potencial para destravar o financiamento climático no continente por meio da cooperação bilateral. Um relatório apresentado ontem (11/8) pela Climate Policy Initiative apontou que a África está recebendo apenas 12% do financiamento de que precisa para lidar com os impactos das mudanças climáticas.

Os países do continente precisam de cerca de US$ 250 bilhões anuais para acelerar a transição energética e adaptar-se aos efeitos da crise do clima, mas o montante destinado a eles em 2020 foi de apenas US$ 29,5 bilhões. A Reuters destacou o estudo.

 

ClimaInfo, 12 de agosto de 2022.

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