Diplomacia climática: ex-ministro de Granada assume comando da Convenção Clima

Simon Stiell (Granada)
Daniel LEAL AFP

O secretário-geral da ONU, António Guterres, confirmou ontem (15/8) a indicação de Simon Stiell para a secretaria executiva da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, a UNFCCC. Com experiência na área de tecnologia e negócios, Stiell serviu nos últimos nove anos como ministro do governo do país caribenho de Granada, onde chefiou a pasta de resiliência climática e meio ambiente por cinco anos.

Stiell será o primeiro representante de um país insular na chefia da UNFCCC e o 3o seguido vindo da América Latina, depois da mexicana Patricia Espinosa e da costa-riquenha Christiana Figueres. Vista como surpresa em alguns círculos, a indicação traz um elemento simbólico importante: afinal, das nações ameaçadas pela crise climática, os pequenos países insulares estão na condição mais vulnerável, enfrentando de fato um desafio existencial.

“As ilhas têm sido as maiores defensoras da ação climática e do sistema multilateral desde o início dos anos 1980. As ilhas garantiram que a meta de 1,5ºC permanecesse na agenda global, estão nos empurrando para frente em perdas e danos e estão inovando para adaptação como nunca antes”, disse ao Guardian a diretora de clima da Open Society Foundation, Yamide Dagnet. “É incrível ver uma liderança insular testada no comando da UNFCCC. Minha esperança é que isso seja um impulso renovado por uma transição justa para economias e sociedades de baixo carbono vibrantes e mais resilientes”.

A missão do novo secretário-executivo da UNFCCC é tremenda: avançar com a implementação dos compromissos nacionais sob o Acordo de Paris, bem como impulsionar os mecanismos formais e informais de revisão destas metas de mitigação pelos países para o próximo ciclo de NDCs, a partir de 2025. Climate Home, Reuters e RFI repercutiram a indicação de Stiell.

Em tempo: Depois de aprovar o maior pacote climático de sua história, os EUA querem aproveitar o momento para reforçar sua posição no tabuleiro diplomático. O Climate Home repercutiu a cobrança do enviado especial da Casa Branca para o clima, John Kerry, para que os demais países avancem com novos compromissos climáticos antes da COP27 de Sharm el-Sheikh. “Espero que isso leve todas as principais economias a definir e cumprir metas de redução de emissões para 2030 que mantenham um futuro de [aquecimento limitado a] 1,5ºC mais seguro ao nosso alcance”, disse Kerry. Curiosamente, o plano climático norte-americano não coloca efetivamente o país nessa rota: de acordo com o Climate Action Tracker, a meta dos EUA é “quase suficiente” para limitar o aquecimento em 2ºC e totalmente insuficiente para o limite de 1,5ºC.

 

ClimaInfo, 16 de agosto de 2022.

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