EUA veem mineração de criptomoedas como risco para planos climáticos

EUA energia criptomoedas
Christinne Muschi/Bloomberg

A popularização das criptomoedas está colocando uma pulga atrás da orelha da Casa Branca. Isso porque as moedas virtuais, como Bitcoin, exigem grandes volumes de energia para abastecer os servidores e equipamentos eletrônicos necessários para sua “mineração”. Um relatório divulgado na semana passada pelo governo norte-americano defendeu que o país adote medidas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa associadas à energia consumida em “mineração” e operação de criptomoedas. 

Como a Bloomberg explicou, a criação de criptomoedas e a validação de transações nas blockchains Bitcoin e Ethereum envolvem um processo intensivo em energia no qual vários computadores competem para resolver quebra-cabeças matemáticos complexos, com o vencedor adicionando novas transações verificadas à blockchain em troca de recompensas de token. O Valor traduziu a reportagem.

“Dependendo da intensidade energética da tecnologia usada, os criptoativos podem atrapalhar os esforços mais amplos para alcançar as emissões líquidas zero consistentes com os compromissos e metas climáticas dos EUA”, afirmou o Escritório de Política de Ciência e Tecnologia da Presidência norte-americana, responsável pela análise. De acordo com o relatório, as operações de criptografia e mineração de criptomoedas usam atualmente tanta energia quanto todos os computadores domésticos do país.

No mês passado, o governo de Joe Biden finalmente assinou um pacote de mais de US$ 370 bilhões para ação climática, o mais abrangente e significativo da história dos EUA. Um dos setores que deve obter maior impulso com a nova lei é o de geração solar fotovoltaica: de acordo com a Bloomberg, com dados da Solar Energy Industries Association e da consultoria Wood Mackenzie, a expectativa é que sejam instalados 215 GW de capacidade solar nos próximos cinco anos, cerca de 40% a mais em relação ao que se esperava sem a legislação climática.

Mesmo assim, para viabilizar esta pujança, o setor ainda precisa resolver problemas estruturais graves, como a dependência de fornecimento de equipamentos da China. 

Ainda nos EUA, a Bloomberg também destacou a reação da maior gestora de ativos financeiros do mundo, a BlackRock, contra a movimentação de governos estaduais republicanos contra os critérios ESG. Quase 20 estados norte-americanos acusam a BlackRock e outras empresas de discriminarem ativos de empresas do setor de óleo e gás, o que prejudicaria os interesses econômicos locais dessas indústrias; eles também ameaçam proibir qualquer aplicação de fundos públicos estaduais em ativos administrados por essas empresas. 

Em carta apresentada aos procuradores destes estados, a chefe de assuntos externos da BlackRock, Dalia Blass, ressaltou que “investidores e empresas que adotam uma posição voltada para o futuro em relação ao risco climático e suas implicações para a transição energética gerarão melhores resultados financeiros de longo prazo”. 

Em tempo: O Parlamento da Austrália aprovou na 5ª feira (8/9) a nova meta climática do país sob o Acordo de Paris, a primeira medida de impacto do novo primeiro-ministro Anthony Albanese para recuperar a política australiana para o clima depois de uma década de governos negacionistas. Pela nova lei, o governo se compromete a reduzir as emissões de gases de efeito estufa do país em 43% até 2030 em relação aos níveis de 2005. Associated Press, BBC, Bloomberg, Climate Home e Reuters repercutiram a notícia.

 

ClimaInfo, 12 de setembro de 2022.

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