Kerry sinaliza possibilidade de retomada de diálogo climático EUA-China antes da COP27

John Kerry COP27
Linh Pham/Bloomberg

As desavenças políticas entre China e Estados Unidos seguem dificultando a retomada do diálogo bilateral na agenda climática. Ainda assim, para o enviado especial da Casa Branca para o clima, John Kerry, existe espaço para que os dois lados voltem à mesa de negociação e atuem conjuntamente na próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP27), em novembro. 

Participando de um evento em Nova York, no âmbito da Assembleia Geral da ONU, Kerry demonstrou esperança no diálogo com o governo chinês antes da abertura da COP: “Eu realmente espero que a China decida em algum momento nos próximos dias que vale a pena voltar a isso [cooperação], porque devemos isso à humanidade”. Kerry foi citado pela Bloomberg.

Em compensação, o tom de Kerry e de outro nome importante dos EUA na agenda climática, o do ex-vice-presidente Al Gore, sobre a atuação do Banco Mundial nesse tema foi menos otimista. Os dois demonstraram insatisfação com a gestão de David Malpass, indicado pelo ex-presidente Donald Trump em 2019 para o comando da instituição, por sua política de financiamento que segue privilegiando projetos envolvendo combustíveis fósseis.

Enquanto Kerry disse que as instituições financeiras internacionais precisam “mudar” para apoiar a transição energética, Gore foi mais direto e chamou Malpass de “negacionista da crise climática”. Financial Times, NY Times e Reuters deram mais detalhes sobre as reclamações contra o Banco Mundial.

Já a Bloomberg destacou o “cano” dado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em um encontro na sede da ONU em NY para discutir ação climática. Enquanto a Casa Branca tenta diminuir o desconforto, negociadores e observadores temem que a ausência de Biden colabore para esvaziar o debate de alto nível sobre clima na véspera da COP27.

Em tempo: Bloomberg e Financial Times alertaram para a movimentação de megabancos como JPMorgan Chase e Morgan Stanley para deixar a Glasgow Financial Alliance for Net Zero, uma aliança criada na COP26, no ano passado, para alinhar as grandes instituições financeiras e bancárias do mundo em torno das metas climáticas do Acordo de Paris. A motivação, de acordo com as reportagens, é o temor de se tornarem legalmente vulneráveis – passíveis de processo judicial – caso os requisitos de descarbonização da aliança não sejam cumpridos.

 

ClimaInfo, 22 de setembro de 2022.

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