Brasil deve chegar à COP27 em “ressaca” pós-eleitoral

Brasil COP27 pós-eleição
Reset

A Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27) será o primeiro grande evento internacional após as eleições presidenciais no Brasil. Com abertura programada para uma semana após a realização de um possível 2o turno, parte das atenções estará voltada para a postura e o posicionamento do país nas negociações climáticas deste ano. Mas qual Brasil estará presente no Egito em novembro?

A bem da verdade, teremos pelo menos dois Brasis. Pelo lado oficial, independente do resultado da votação, a representação brasileira na COP27 estará a cargo do governo Bolsonaro. Pelo lado não oficial, a sociedade civil continuará empenhada em se contrapor à retórica do atual governo, com ou sem a sua reeleição. E ainda temos um 3o Brasil que pode dar as caras no Egito: o do futuro governo, caso Lula ou outro candidato vença a disputa contra Bolsonaro.

Como assinalou Sérgio Teixeira Jr. na Capital Reset, é possível que esses diferentes Brasis apresentem alguma sintonia na COP27, principalmente se o atual presidente perder a reeleição. Os diplomatas do Itamaraty, que representam o governo, podem estar “mais soltos” das amarras ideológicas impostas por Bolsonaro & Cia. para retomar argumentos e posições abandonadas neste governo.

Da mesma forma, a sociedade civil deve buscar algum tipo de interação com uma eventual equipe de transição para o futuro governo, com o objetivo de pressioná-la por mais ambição e protagonismo nas negociações climáticas.

Por falar em futuro governo, Jamil Chade informou no UOL que auxiliares do ex-presidente Lula começam a fazer planos para recuperar a imagem e o prestígio internacional do Brasil a partir de janeiro. Uma das ideias consideradas é a realização de uma cúpula climática, regional ou mundial, que servisse para desamarrar a implementação do Acordo de Paris. Outra possibilidade é uma articulação com os países da América do Sul para retomar a integração regional, inclusive em temas de meio ambiente.

Em tempo: O esforço de reconstrução da política ambiental e climática do Brasil não se limita ao cenário externo. Aqui dentro, a situação é ainda mais dramática. De acordo com O Globo, mesmo com 2022 se consolidando como o ano mais mortal em mais de uma década com relação a desastres climáticos, o orçamento para prevenção foi praticamente extinto, com um corte de 99% nas verbas para 2023. Se aprovado, no próximo ano, o Brasil terá míseros R$ 25 mil para obras emergenciais de mitigação para redução de desastres – para comparação, o valor previsto para 2022 foi de R$ 2,8 milhões.

 

ClimaInfo, 27 de setembro de 2022.

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