EUA vão à COP 27 com desafio de retomar momentum pró-clima

2 de novembro de 2022
John Kerry COP27
Linh Pham/Bloomberg

John Kerry chegará neste domingo ao Egito com o que pode ser o desafio de sua vida. Veterano da Guerra do Vietnã, ex-senador, ex-candidato à presidência dos EUA e ex-secretário de Estado do governo Obama, ele estará em posição ambivalente e desconfortável, ao mesmo tempo de raio e de para-raios.

Por um lado, quer reforçar a posição de Washington na liderança dos esforços globais contra a mudança do clima, incentivando mais compromisso e ambição de outros países; por outro, Kerry será cobrado pelos fracassos do governo norte-americano no cumprimento de promessas passadas e pela incerteza quanto à viabilidade prática das promessas novas.

A Bloomberg publicou um panorama da situação do enviado especial do governo Biden para o clima na véspera da COP27. Kerry foi um dos nomes mais importantes da última COP em Glasgow, no ano passado, ao retomar um diálogo bilateral com a China e impulsionar compromissos pela redução das emissões de metano e da queima de carvão para energia.

Agora, o conflito entre Rússia e Ucrânia e as tensões geopolíticas com a China deixaram o contexto mais complicado para uma atuação mais incisiva.

Para a COP27, uma das apostas de Kerry é a definição de novos acordos internacionais para transição energética de países em desenvolvimento, ao estilo daquele anunciado no ano passado com a África do Sul.

De acordo com o Climate Home, a ideia do enviado norte-americano para o clima é atrair investidores e empresas privadas para ampliar a oferta de recursos e diminuir os custos atrelados à adoção de tecnologias mais limpas de geração de energia. Isso poderia ser feito, segundo ele, por meio da oferta de créditos de carbono.

“Uma das coisas que estamos analisando é a possibilidade do setor privado ser efetivamente atraído para a mesa porque você tem uma maneira deles conseguirem algo de que precisam e desejam, o que pode ser um crédito [de carbono]”, disse Kerry em evento público na semana passada. “E você recebe dinheiro que vai diretamente para o fechamento de algumas usinas de carvão e a implantação de fontes renováveis de energia, [que geram] reduções diretas de emissões”.

Em tempo: O Reino Unido segue em sua tragicomédia política. Depois de afirmar que não pretendia participar da COP27, o novo primeiro-ministro Rishi Sunak voltou atrás e confirmou sua ida a Sharm El-Sheikh para a abertura do encontro. Ele vinha sendo bastante criticado por ativistas e políticos, inclusive de seu próprio Partido Conservador, acusado de minimizar o problema climático um ano depois do Reino Unido sediar uma COP. Em parte, a decisão de Sunak pode ter relação com a confirmação de que o ex-primeiro-ministro Boris Johnson participará da COP27, convidado pelos anfitriões egípcios. Bloomberg e Guardian deram mais informações.

 

ClimaInfo, 3 de novembro de 2022.

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